Com a aproximação da copa do mundo na Rússia, resolvi fazer uma série de postagem sobre a minha primeira viagem a Rússia. Trata-se de uma viagem há muito tempo desejada, diga-se de passagem, há muito tempo mesmo!
Desde a década de 80 eu planejava estudar engenharia na União Soviética, porém o tempo foi passando e eu formei engenheiro e fiz pós-graduação no Brasil mesmo. Naquela época eu escutava a rádio de Moscou, e em São Paulo existia uma livraria chamada Técnico Científica, um dia fui a essa livraria e comprei um conjunto de livro com fita cassete de estudo da língua russa e em dicionário russo-português. A partir dai de então comecei estudar por conta própria o idioma de Pushkin.
Com o advento da internet a vida ficou mais fácil para autodidatas, então encontrei um site de estudo de língua russo muito bom são ao todo 58 aulas, http://aulasderussogratis.blogspot.com/ . Atualmente estudo russo online no Instituto Pushkin, https://pushkininstitute.ru/, é excelente para quem quer aprimorar, existe o nível básico até o avançado.
Comecei os preparativos para viagem uns seis meses antes pois era meu deseja participar da comemoração dos 100 anos da Revolução Russa. Escolhi 4 cidades para conhecer: Moscou, Leningrado (São Petersburgo), Vladimir e Suzdal.
Normalmente todas as viagens internacionais que faço, eu compro as passagens aéreas, reservo hotéis e compro as passagens de trens, com a Rússia não foi diferente, isso garante muita economia.
Os russos são frios e antipáticos?
Antes de começar aos relatos em si quero responder uma questão que as pessoas fazem em relação aos russos, eles são mesmos muito frios? Bem, a princípio o grande problema que os viajantes tem em relação a viagem à Rússia, é a barreira do idioma, por isso os viajantes não se interagem com os locais. Então isso gera uma impressão errônea que não condiz com a realidade.
Uma das primeiras coisas que fiz ao chegar, foi falar a língua local, apesar de só ter estudado por conta própria e ter tido contato uma única vez com uma cidadã russa, atendente em um hotel de Kyoto. Porém, todas as vezes que precisei de informação nenhum deles me negou, foram sempre solícitos e educados e nos ajudaram muito.
Como estou acostumado com povos da Ásia tais como: japoneses, chineses e vietnamitas, o povo russo tem certas semelhanças com esses povos, por exemplo: eles são reservados, sérios, e até um pouco tímidos, não sorriem muito, mas são muito educados. Porém após alguns contatos, por exemplo, com os atendentes do hotel, eles se mostravam mais familiarizados conosco e já brincavam e sorriam de forma descontraída.
A Chegada em Moscou
Como eu minha esposa moramos atualmente em Osaka, eu comprei a passagem aérea pela Air China partindo do aeroporto de Kansai(Osaka) até Moscou (Sheremetyevo) com escala de 2 horas em Pequim para troca de avião.
O voo de Osaka á Pequim partiu as 09:00 do dia 3 de novembro e durou aproximadamente 3 horas, como já tínhamos estado na China uns seis meses atrás, já estávamos familiarizados com o aeroporto, aproveitamos o tempo para darmos uma volta nas lojas. Uma informação importante é que brasileiro em transito não precisa de visto desde que não ultrapasse 72 horas.
O voo de Pequim à Moscou partiu as 13:45 e chegou em Sheremetyevo as 17:30, o tempo total de voo foi de aproximadamente 10 horas.
Na imigração o atendimento foi surpreendentemente rápido, não houve aquela revista invasiva de outros países como EUA, China ou Japão, em que às vezes o viajante fica quase nu, apesar de a Rússia sofrer em algumas oportunidades ataques terrorista, em momento algum sentimos ansiedade ou stress.
Como estávamos em voo proveniente da China e havia poucos europeus e russos, e também pelo fato de minha esposa ser loura bem padrão europeu, o agente de imigração a confundiu com uma cidadã russa e nos indicou o guichê para cidadãos russos, e eu como sou descendente de asiático, ele deve ter pensado que eu era um cidadão russo lá dos cafundós da Sibéria, kkkkk! Ciente do engano, ele nos encaminhou para a fila da imigração para os cidadãos estrangeiros nos colocando na frente dos chineses que já estava a espera da checagem dos passaportes.
Normalmente vou à frente para sentir como está o “clima” entre os atendentes. Caso haja algum problema com minha esposa, eu posso voltar para ajudá-la. Esse procedimento foi muito útil quando estivemos na China, mas essa é uma estória que contarei em outra oportunidade.
A agente que me atendeu era muito simpática, ela perguntou se eu sabia russo, eu disse modestamente que sabia um pouco. Perguntou-me também quantos dias ficaria na Rússia, respondi seis dias. Então ela carimbou meu passaporte e me deu boas vinda à Rússia. Eu a agradeci e aproveitei para apontar para minha esposa e disse: “моя жена (pronuncia-se maia jená ) – minha esposa”, ela deu um sorriso cúmplice e disse “Ok”.
Um detalhe importante, os cidadãos brasileiros não precisa de visto de turista para a Rússia, e pode permanecer por 90 dias.
Após a saída da imigração e a retiradas das malas, ao caminhar em direção á escada rolante encontramos uma máquina automática para compra do bilhete Aeroexpress (a máquina é bilingue russo-inglês).
O Aeroexpress (аэроэкспресс) é um trem rápido que liga o aeroporto até a estação Bieloruskaya (tempo de viagem 35 min.). Escolhi o Aeroexpress porque o hotel fica entre as estações Bieloruskaya e a estação de metro Dínamo. O preço de passagem é de 500 rublos.
Após a descida da escada rolante, vi um pequeno quiosque de venda de chip para celular. O vendedor era bem atencioso (bilíngue), ele já instala na hora o chip que custa 400 rublos e vale para um mês. É claro que procurei falar em russo e ele entendeu perfeitamente, acho que passei no primeiro teste.
Ao chegar a estação de Bieloruskaya, eu tinha duas opções, poderia ir a pé ou pegar metro até a estação Dínamo e seguir ir a pé até o hotel, porém decidi sair da estação para ver se conseguiríamos ir a pé dali mesmo.
Já fora da estação, com o mapa em mãos fui pedir informação para saber onde ficava a Leningradsky Prospekt (Avenida Leningrado), um vendedor de rua mostrou a direção que deveríamos seguir, porém saímos pelo lado que ficava muito distante dessa avenida pois a estação é muito grande e tem várias saídas.
Então o jeito foi procurar um táxi. Próximo dali vimos um taxista e perguntei a ele quanto ficava para levar até o hotel. Ele nos cobraria 1500 rublos pela viagem, achei um pouco caro, tentei pechinchar mas não deu, como já estávamos cansados pela longa viagem decidimos ir com ele mesmo. Mas não arrependemos não!
O taxista era muito simpático e sabia falar inglês mas eu não queria falar inglês, então eu falava em russo e ele falava inglês ou em alguns momentos ele alternava para o russo.
Fiquei sabendo que ele era georgiano, então começamos falar de Stalin, ele disse que foi muito bom para o país, e de fato eu confirmei que muita gente na Rússia ainda gosta muito dele, só mesmo no ocidente é que há muita crítica pelo motivos que já sabemos.
Garik este era o seu nome, contou-nos que tinha ido à Moscou há 30 anos para fazer faculdade, casou e tinha dois filhos. A viagem até o hotel durou aproximadamente 20 minutos, mas foi ótimo, eu me senti mais seguro em comunicar em russo. Sabia que podia entender perfeitamente e ser entendido, valeu experiência.
Quem estiver próximo a estação Bieloruskaya é só procurá-lo, ou ligar para o número 8-926-893-8184 (Garik).
Em breve contarei sobre o hotel, e as cidades que conheci, comidas e outras curiosidades.