Lula e os erros do Judiciário

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Apesar de certas divergências com o Partido dos Trabalhadores, julgo no momento inoportunas devido a gravidade que o país atravessa. Se há divergências, também há muitos pontos de convergências.

Defendo a inocência do ex-Presidente Lula, porque nada até o momento prova a sua culpabilidade.

Umas das críticas que faço ao PT é que quando esteve a frente do governo até a destituição, através de um golpe de estado da Presidenta Dilma Roussef, o PT se acomodou e não fez as transformações radicais na estrutura do poder. E com isso forças de extrema direita até então nas profundezas do lodaçal da sociedade veio a tona, e se assenhorou da ação política. Mas ovo da serpente estava sendo gestado muito tempo antes da condenação do ex-Presidente Lula pelo TRF4. Só para recordar, em 1989 na época da primeira eleição presidencial, um grupo de sequestradores do empresário Abílio Diniz, foram presos e obrigados pela polícia que na época era subordinado ao secretário de segurança pública Luiz Antonio Fleury Filho a vestir camisetas do PT para prejudicar o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A repercussão do sequestro seguramente influenciou o resultado da disputa em que saiu vitorioso o hoje senador Fernando Collor.

O outro caso da utilização da farsa como arma política, foi a tentativa de transformar de um crime comum em um crime político como arma política contra o PT, foi caso do prefeito do PT de Santo André Celso Daniel, o qual após um sequestro que durou três dias ele foi encontrado morto. Segundo o inquérito da polícia civil, o líder da quadrilha seria Ivan Rodrigues da Silva, também conhecido como “Monstro”, havendo descoberto que o sequestrado era prefeito, e temendo represálias ordenou que a vítima fosse dispensada. Só que um dos integrantes de nome Edson entendeu que deveria matar o prefeito, então contratou um menor que executá-lo.

O julgamento e a condenação de Lula em segunda instância é apenas a consequência natural de uma farsa gestada como referi anteriormente, há muito tempo, o poder Judiciário é isso ai mesmo, a condenação está pronta, pode-se recorrer ao STJ e ao STF que em nada vai alterar os rumos dessa condenação.

Os membros do Judiciário estão comprometidos visceralmente com o golpe, só um ingênuo espera que esse processo siga o rumo normal que seria a anulação do processo devido as graves violações perpetradas pelo juiz de primeira instância (Moro) e seus promotores.

Não sou expert jurídico, mesmo porque vários juristas tanto no Brasil como em vários países, que ao analisar o processo apontaram falhas gritantes. Mas no caso do triplex na minha opinião a questão pode ser reduzida ao seguinte ponto: Há provas de que o apartamento pertence a Lula?  O simples fato de uma pessoa demonstrar o interesse por um imóvel, não faz dessa pessoa o seu proprietário. A outra  questão da reforma do apartamento e etc é uma acusação mais ridícula ainda.

Há uma parêmia que diz “Quem não registra não é dono”, mas o ódio de classe ao Lula e ao PT ultrapassou qualquer tipo de pudor ou recato dos membros do Judiciário, o andar de cima da pirâmide social já sentenciou e ordenou e quer a sua punição a todo custo, e seus lacaios do Judiciário tem que cumprir a sua parte, mesmo que para isso se desmoralize perante o mundo.

É também importante frisar que os membros do Judiciário  não são Deuses do Olimpo, erram e erram muito, e como consequência há muitos pessoas detidas injustamente.

 Abaixo, eis alguns casos de erros Judiciais e policiais como:

O caso dos Irmãos Naves

Em 1937 houve um dos casos mais pavorosos de injustiça e erro do Judiciário que posteriormente foi transformado em filme. O caso que teve origem na cidade Araguari em Minas Gerais, em que dois irmãos sócios de um primo são vítimas de uma triste e revoltante história.

O primo dos irmãos Naves de nome Benedito, era um jovem muito ambicioso e meteu-se em uma enorme enrascada financeira, ele com ajuda de seu pai ao apostou suas economias na compra de enorme quantidade de arroz na esperança vender em uma possível alta. Porém com queda constante de preços dos cereais, Benedito viu-se obrigado a vender seu estoque com enormes perdas, contraindo enorme dívida.

Embora as vendas fossem expressivas, não cobria sua dívida. Então na madrugada de 29 para 30 de novembro do mesmo ano Benedito resolveu fugir da cidade levando consigo 90 contos de réis (algo em torno de 270 mil reais).

Os irmãos ao saber do sumiço do primo resolvem comunicar a polícia, que imediatamente inicia a investigação. Passados alguns dias sem que a polícia elucide o sumiço, um tenente militar substituto do delegado formula a teoria que os irmãos poderiam ter assassinado o primo para ficarem de posse dos 90 contos de réis. Adepto da tortura o tenente prende os dois irmãos, e dá inicio a várias seções de selvageria para que eles confessassem o crime. Porém apesar das torturas diárias os irmãos resistem o quanto podem. Então o tenente tem a ideia macabra de prender a mãe, as esposas e o filho de um deles.

A mãe e as esposas foram torturadas e inclusive a mãe foi estuprada diante dos irmãos. Apesar da tortura, a pobre velhinha mãe dos desafortunados irmãos Naves, foi solta com liberdade vigiada. No julgamento os irmãos foram condenados a 25 anos e meio de prisão, após uma revisão penal, a pena foi reduzida para 16 anos.

Após 8 anos e três meses de prisão, devido ao comportamento exemplar ambos foram colocados em liberdade condicional. Porém um dos irmãos não teve muito tempo de vida para usufruir da liberdade, devido as sequelas das terríveis torturas Joaquim naves falece em um asilo em 28 de agosto de 1948. A verdade dessa enorme farsa e injustiça só veio a tona em 24 de julho de 1952, quando o tal do primo Benedito aparece vivo em uma fazenda de seu pai em Nova Ponte.

Ao final do post há um link do filme.

O caso da escola base

Mais um caso terrível em que reputação e vidas foram literalmente destruídas pela enxurrada de acusações sem provas perpetradas pela mídia sensacionalista e por um delegado midiático e incompetente.

Trata-se do caso da Escola Base, que foi uma escola particular localizada no bairro da Aclimação na cidade de São Paulo. Em março de 1994, seus proprietários (o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada), a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu esposo e motorista Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos da escola. Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades logo em seguida. Em sua capa o jornal Folha da Tarde estampava o título “Perua carregava crianças para orgia”, o jornal Notícia Populares estampava o título “Kombi era motel na escolinha do sexo”. Diante da fúria de populares, tanto a escola assim como as residências foram depredadas e os suspeitos tiveram que se esconderem para não ser linchados.  O caso foi arquivado pelo promotor Sérgio Peixoto Camargo por falta de provas.

O americano inocente condenado à morte

Apesar desse caso ter acontecido nos EUA, serve como exemplo de como julgar e condenar  uma pessoa à morte sem provas provoca um dano irreparável para um inocente.

O caso aconteceu em 1975, quando Ricky Jackson foi condenado a morte, com base no falso testemunho de um menino de 12 anos.  Após 39 longos anos no corredor morte Ricky Jackson é libertado depois que a testemunha após atingir a idade adulta, revelou que havia mentido, e que não tinha visto nenhum crime.

O caso do pai de santo preso no RGS

Este é mais caso de erro do policial onde há “convicção mas nenhuma prova”. Trata-se de um caso trágico ocorrido em Novo Hamburgo, RS, e ilustra com perfeição o dano causado que o fundamentalismo religioso faz no Brasil, muito além da bancada da Bíblia.

O delegado Moacir Fermino, da Polícia Civil, que investigava a morte de duas crianças esquartejadas, afirmou que havia solucionado o crime por causa de uma “revelação de Deus”.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, contou que profetas teriam indicado os caminhos para a investigação, apontando quem ele deveria ouvir. Não por acaso, mandou prender o líder de um templo de umbanda, Silvio Rodrigues.

Rodrigues foi libertado após mais de 40 dias preso sem provas!

 

 

 

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