Li um artigo no blog “Conversa Afiada“ que o articulista Wanderley Guilherme dos Santos faz a seguinte afirmação:
“O mais desanimador destas eleições é reconhecer que vasta maioria da população irá votar por barbárie inicialmente, e agora por compaixão pela barbárie (Bolsonaro hospitalizado) ou por compaixão a injustiçado (Lula).”
O texto segue na mesma toada, ora dando paulada no Bolsonaro ora no PT.
Pelo que pude analisar neste e em outros artigos, é que o articulista é um apoiador de Ciro Gomes à presidência – nada contra! O texto é uma mistura de lamúria, ressentimento e desabafo já prevendo que seu candidato provavelmente não irá para o segundo turno.
É preciso esclarecer em primeiro lugar que Ciro foi ministro do ex-presidente Lula.
Em segundo lugar se Ciro Gomes está nessa posição aparentemente desvantajosa é em grande parte por seus erros e não culpa de quem quer que seja!
Vamos analisar seus erros recentes:
Quando foi perguntado se ele iria se encontrar com ex-presidente Lula em São Bernardo naquele ato político antes de ser preso, ele disse que não era “puxadinho” do PT. Ou seja, de cara ele conseguiu a proeza de não se solidarizar com o ex-presidente a qual foi ministro e ainda de quebra esnobou com partidos de esquerda que foram em solidariedade.
Esse deslize político saiu muito caro. Se ao menos tivesse tato político, naquele momento de vácuo nas fileiras da esquerda poderia ter assumido um maior protagonismo político e assim naturalmente angariar apoio e prestígio.
Mas este episódio serviu como sinal ingratidão e o desdém de Ciro levou a desconfiança de muita gente.
Posteriormente quando o ex-presidente Luís Inácio “Lula” da Silva teve impugnado sua candidatura, ele e o presidente de seu partido (PDT – Partido Democrático Trabalhista) Carlos Lupi, tentaram visitar Lula em sua prisão em Curitiba, porém sua carcereira a juíza Carolina Lebbos indeferiu a visita.
Ao que parece essa tentativa de visitar o ex-presidente seria uma tentativa de obter o apoio de Lula para sua candidatura, porém já era tarde, ele já tinha perdido o “bonde da história”.
Movimento errático e sem rumo feito biruta de aeroporto
Outro erro foi a tentativa de costurar com os partidos médios e pequenos de direita chamado de “Centrão”. Porém Geraldo Alckmin foi mais rápido e fechou a aliança com estes partidos, deixando Ciro ainda mais “queimado” com a esquerda.
Depois tentou aliança com o PSB (Partido Socialista Brasileiro) também sem sucesso.
Nestas andanças de vai não vai, tentou sem sucesso ocupar o centro do espectro político, só que este espaço já estava congestionado pelos candidatos com Geraldo Alckimin, Marina Silva e outros de somenos expressão.
Então esta ambiguidade ideológica de Ciro foi mais um fator de desconfiança do eleitorado de esquerda.
Voltando ao dilema apresentado pelo professor – a Barbárie ou Compaixão!
Eu diria que sim! Existe uma polarização extrema nunca antes vista, mas não neste sentido que o professor afirma.
Vamos então:
Com o golpe, foi imposto goela abaixo pelo governo Temer toda a agenda neoliberal, veio com ela o desemprego em massa, perdas dos direitos trabalhistas, privatizações e etc.
Isso gerou uma instabilidade e mal estar social muito grande para as classes menos favorecidas. E para classe média, sobrou o pavor de despencar da pirâmide social assim como o medo da violência crescente.
Foi esse o cadinho que turbinou e gerou a candidatura de extrema-direita de Jair Bolsonaro, “a violência para combater violência” e sem nenhuma proposta quanto às questões do desemprego em massa, saúde e educação e outros assuntos que afligem a população atingida pela violenta política econômica neoliberal. Pelo contrário, seu guru da área econômica Paulo Guedes disse que a saída crise é mais privatização e dose cavalares de políticas neoliberais.
“Só que esquecem os formuladores das políticas neoliberais que a grande maioria do povo brasileiro é contra as privatizações e tem em sua memória os anos de governança do Partido dos Trabalhadores, que apesar dos pequenos ganhos que obtiveram, foi sem sombra de duvida muito melhor que o período atual!”
Do outro lado a violência sofrida pela esquerda, sobretudo pelo PT, do golpe até prisão do ex-presidente Lula, e o medo da fascistização da sociedade, fez com que houvesse uma forte reação da sociedade civil organizada.
Prova disto, é que a aversão gerada pelas declarações homofóbicas e misóginas de Bolsonaro foi a gota d’agua para a criação do movimento das Mulheres Unidas Contra Bolsonaro que reúne atualmente mais de 1 milhão 600 mil inscritas.
Certa feita, Mussolini perguntou ao povo se queria manteiga ou canhões e o povo aos berros gritou: “Canhões!” A partir desse fato a história mostrou em que beco sem saída a Itália e seu povo se meteu!
Portanto discordo da afirmação de que o processo eleitoral está polarizado entra a Barbárie ou a Compaixão!
A polarização que praticamente pulverizou o centro político do país é entre a “Civilização e a barbárie fascista!”
Seja como for, este tiroteio entre representantes de esquerda não ajuda em nada em sua união contra o fascismo.
Mesmo porque o povo em sua imensa sabedoria saberá escolher qual o melhor projeto de país que deseja.