A debandada dos generais do governo Bolsonaro

fotos
Bolsonaro e o general Maynard: quem quer ter seu nome atrelado a um presidente cujo nome está relacionado ao assassinato de uma parlamentar? (Imagem: reprodução)

Por José Cássio

As especulações oficias dão conta de que o pedido para sair é decorrência de boicote imposto pelo ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, do qual era subordinado.

Extra-oficialmente, a versão é outra: o general Maynard Marques de Santa Rosa pediu demissão da chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos, nesta segunda-feira, 4, junto com outros três militares, por causa dos sucessivos escândalos envolvendo Bolsonaro e filhos.

Sinaliza que militares que não pertencem ao ‘núcleo duro’ do clã estão incomodados e que a porta está aberta para uma debandada geral.

O ambiente de crise transpareceu de vez no final da tarde quando o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, fechou a cara ao ser perguntado sobre o motivo da saída e disse que a questão deveria ser feita diretamente ao general, “uma vez que a exoneração se deu a pedido dele”.

Por que Santa Rosa pediria demissão se compactua com propostas centrais de Bolsonaro?

Sempre foi um crítico mordaz da Comissão da Verdade. Planejava um decreto para a criação de um programa de desenvolvimento da Amazônia e defendia com fervor a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Trombetas, na cidade Óbidos, no estado do Pará.

O general também defende que a tese do aquecimento global é uma mentira cientificamente comprovada e diz que o problema dos negros foi resolvido com a Lei Áurea.

Um bolsonarista clássico que sai pisando em ovos naquele que talvez seja o momento mais difícil do governo, com o presidente acuado por suspeita de participação na morte de Marielle, o filho Flávio tentando se esquivar do escândalo do caso Queiroz e Eduardo fazendo ginástica para se livrar da cassação após defender a volta do AI-5.

Bolsonaro agora está entregue a um pequeno grupo que envolve os filhos e gente como Jorge Oliveira, chefe da Secretaria-Geral e que vem a ser filho do capitão do Exército Jorge Francisco, morto em abril de 2018 e que por 20 anos atuou como seu chefe de gabinete na Câmara, além de ter exercido a mesma função no gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Neste momento, a paranoia que persegue a família é o medo de traição.

A que persegue gente como Maynard Marques de Santa Rosa e os três generais que saíram com ele é ter o nome envolvido em um caso assombroso de assassinato de uma parlamentar e de, entre outras coisas, desviar dinheiro público através de uma rede de funcionários fantasmas comandada por um miliciano.

Os próximos dias vão trazer as respostas para essas e outras questões.

Uma coisa, no entanto, é certa: a demissão de forma tão abrupta de quatro generais sinaliza que os Bolsonaros já não inspiram tanta confiança.

Do DCM

Related Posts
Caro Sr. Musk, não precisamos que venha nos dizer como tornar a Europa grande
fotos

A ajuda que a Rússia está oferecendo à Europa faz parte de uma organicidade histórica, cultural e política que não [...]

Alerta vermelho para Lula
fotos

O 8 de janeiro não foi um golpe, mas pode muito bem ter sido um ensaio de revolução colorida da [...]

Um modelo falido
fotos

A cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi marcada por muitas negociações, e negociações muito difíceis. O governo brasileiro [...]

O homem-bomba de Brasília e a normalização da loucura
fotos

“Não se contraria doido” é um dito comum no Brasil, e é um dito sensato.

Trump se tornará o coveiro do neoliberalismo. Ou não?
fotos

Americanos se manifestaram contra a turbulência econômica, a migração descontrolada e experimentos malucos

“O Brasil é um país que odeia as mulheres”, diz Manuela d’Ávila
fotos

As mulheres foram alvo de quase metade das ocorrências de violência política entre o fim das eleições de 2022 e [...]

Compartilhar:
FacebookGmailWhatsAppBluesky

Deixe um comentário

error: Content is protected !!