Em todo o Brasil, Igreja estimula ocupação dos cargos de conselheiros por fieis bolsonaristas nas eleições deste domingo
EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL, O BRASIL ESTÁ VIVENDO UMA DISPUTA ELEITORAL SILENCIOSA E INVISÍVEL PARA GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO, MAS TÃO IMPORTANTE E ACIRRADA IDEOLOGICAMENTE QUANTO A ÚLTIMA CAMPANHA PRESIDENCIAL. A SOCIEDADE CIVIL SE PREPARA PARA ELEGER NESTE DOMINGO, 6/10, DAS 9 ÀS 17 HORAS, OS REPRESENTANTES DOS CONSELHOS TUTELARES QUE, POR QUATRO ANOS, DE JANEIRO A 2020 A JANEIRO DE 2024, VÃO FISCALIZAR O CUMPRIMENTO DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. EMBORA QUALQUER CIDADÃO SEJA APTO A VOTAR, A IGNORÂNCIA SOBRE A UNIVERSALIDADE DO PLEITO E A IMPORTÂNCIA DOS CONSELHOS TORNOU O PROCESSO ELEITORAL UM CAMPO VULNERÁVEL PARA A MANIPULAÇÃO DE GRUPOS ULTRACONSERVADORES. ASSIM COMO AS TECNOLOGIAS DE MÍDIA FRAUDULENTAS FORJARAM UM RESULTADO FORA DO JOGO DEMOCRÁTICO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, A COMPOSIÇÃO DESSES ÓRGÃOS DEMOCRÁTICOS ESTÁ SERIAMENTE AMEAÇADA POR UMA FRAUDE POLÍTICO-RELIGIOSA ANTERIOR À VOTAÇÃO ELETRÔNICA. A VIRADA DEPENDE DOS DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS ATENDEREM À CHAMADA DE COMPARECIMENTO ÀS URNAS.
O voto é facultativo, qualquer cidadão pode depositá-lo na urna em posse do seu título eleitoral. Qualquer pessoa que conheça o Estatuto da Criança e do Adolescente e tenha dois anos de experiência na área pode se candidatar ao cargo, que é até bem remunerado, R$ 2.779,00 mensais, com expediente das 8 às 18 horas, um luxo para um país com mais de 13 milhões de desempregados, com promessa de vários bônus para os candidatos da rede fundamentalista. Juntos, esses fatores atraíram a militância de direita que alavancou a eleição de Bolsonaro e outros políticos que defendem, por exemplo, trabalho infantil e redução da maioridade penal, só pra início de conversa.
Depois de aparelhar o Estado brasileiro, em todos os cantos do país a ala retrógrada da Igreja Evangélica, através de seus pastores, mobiliza os fieis para a ocupação em massa dos conselhos tutelares. Já no início do ano, em todo o Brasil, foi deflagrada a acorrida à inscrição da candidatura de uma legião de milhares de evangélicos e teve início a campanha massiva nos cultos e comunidades tomadas pela Igreja do Bispo Macedo. O que está em jogo nessa ocupação fundamentalista é a continuidade do próprio Conselho, das políticas públicas de proteção da criança e do adolescente e do próprio Estatuto, frequentemente ameaçado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos detratores dos direitos humanos. Em última instância, essas forças obscuras veem na estrutura capilarizada dos conselhos a oportunidade de transformá-los em currais eleitorais para os candidatos que vão garantir a permanência do governo Bolsonaro e de seus sucessores no poder.
Agindo em nome da liberdade religiosa, essa invasão organizada da esfera pública fere o estado laico e a pluralidade de credos, ao implantar o monoteísmo evangélico no seio do Estado brasileiro. Com bandeiras como combate ao aborto e ao que chamam de “ideologia de gênero”, os candidatos caem na disputa praticando o mesmo terrorismo psicológico das eleições baseado em fake news do tipo das disseminadas durante as eleições presidenciais, como a ameaça do kit gay, da mamadeira de piroca e das orgias sexuais nas escolas e universidades.
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