O presidente Bolsonaro, mais uma vez, mandou recado aos comandantes militares pelas redes sociais.
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), tentou impor seu alinhamento incondicional a Washington e disse, na noite passada, que será apenas sua a decisão de uma eventual declaração de guerra à Venezuela. A declaração, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a expressivos líderes militares, nesta segunda-feira, foi mal recebida na caserna.
Bolsonaro, que mais uma vez optou por mandar mensagem aos comandantes militares pelas redes sociais, afirmou que qualquer decisão sobre a Venezuela seria decidida “exclusivamente” por ele.
Embora o alvo fosse a parcela majoritária das Forças Armadas que não admite uma intervenção armada em um país vizinho, que não agrediu a soberania brasileira, o texto terminou por atingir o Congresso.
Legislativo
Entre os líderes militares ouvidos pelo CdB, há também a certeza de que as Forças Armadas brasileiras não teriam condições de sustentar os gastos bilionários de uma guerra, no momento.
Assim, os comandantes brasileiros se veriam na constrangedora situação de precisar ceder na soberania nacional para que forças estrangeiras, basicamente dos EUA, usassem o território nacional para invadir a Venezuela.
A bravata foi lida, inicialmente, como afronta direta ao Parlamento, o que gerou a resposta imediata do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, que lembrou a necessidade de uma decisão desse porte ser aprovada nas duas Casas do Legislativo.
Acolhida
Outro ponto que irritou os parlamentares foi a decisão de Bolsonaro de enviar R$ 224 milhões para o acolhimento de venezuelanos em Roraima.
— Brasileiros de Roraima estão passando fome. Não há dinheiro para investir em políticas públicas. Mas tem para manter venezuelanos? — questionou o deputado Jhonatan de Jesus (PRB-RR).
A situação apenas piorou, segundo o parlamentar do Estado, após Bolsonaro anunciar que sustentará um sistema de acolhida aos cidadãos do país vizinho.
— Sabendo disso, mais gente vai querer vir para o Brasil — deduz.
Energia
Bolsonaro baseia sua intenção de promover uma aventura militar no norte do país na informação que lhe chegou de que existem “fissuras nas Forças Armadas da Venezuela”. Ele aposta nesta diretiva, mesmo após o líder da oposição Juan Guaidó anunciar que tinha apoio de militares para derrubar Nicolás Maduro e precisar fugir em seguida, sem nenhum suporte militar venezuelano.
Ao lado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, Bolsonaro disse que, “se por ventura vier (a ocorrer a declaração de guerra contra a Venezuela), o que é normal acontecer, o presidente reúne o Conselho de Defesa, toma a decisão, participa o Parlamento brasileiro”.
O presidente também manifestou preocupação com o fornecimento de energia elétrica para Roraima e disse que até o dia 15 deste mês o governo deverá receber um posicionamento de comunidades indígenas em cujas terras passariam as obras de uma linha de transmissão que ligará o Estado ao sistema nacional.
“A situação é emergencial. Não podemos ficar de forma eterna com a energia de óleo diesel, porque nós aqui, o resto do Brasil, paga um pouco mais de 1 bilhão por ano para a energia de Roraima”, disse.
Do CdB