Bolsonaro perde a cabeça e ofende a mãe de um jornalista, durante coletiva

Visivelmente aborrecido, o presidente manteve os ataques aos jornalistas, primeiramente comparando o filho Flávio ao jogador Neymar, do Paris Saint-Germain, para justificar o tamanho das movimentações financeiras de “quem é mais importante”, segundo suas palavras

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Jair Bolsonaro está nervoso e preocupado com a possibilidade da prisão de seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, e do ex-assessor Fabrício Queiroz

Cada ver mais intrincada, a ligação entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sua família e o ex-assessor Fabrício Queiroz levou o mandatário neofascista a perder a cabeça, durante entrevista a jornalistas, na manhã desta sexta-feira, ao deixar o Palácio da Alvorada. Bolsonaro direcionou sua ira contra um dos repórteres que o aguardavam.

Ao ser perguntado sobre um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, um dos muitos fatos levantados nas investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre as movimentações do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), ele partiu para a agressão verbal.

— Pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai, está certo? Querem comprovante de tudo — atacou Bolsonaro, sendo prontamente aplaudido por seus apoiadores.

Ofensas

Queiroz é investigado pelas movimentações atípicas que fez quando trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj. De acordo com o MP-RJ, era ele o responsável por receber os depósitos de salários de vários funcionários (alguns “fantasmas”) do gabinete, que retornariam para o então deputado – um esquema chamado de “rachadinha”.

Visivelmente aborrecido, o presidente manteve os ataques aos jornalistas, primeiramente comparando o filho Flávio ao jogador Neymar, do Paris Saint-Germain, para justificar o tamanho das movimentações financeiras de “quem é mais importante”, segundo suas palavras. A insistência no caso Queiroz fez Bolsonaro fazer novas ofensas a outro jornalista.

— Você tem uma cara de homossexual terrível e nem por isso eu te acuso de ser homossexual — atacou o presidente, que já havia mandado o mesmo profissional se calar.

Homossexual

Os questionamentos sobre a sexualidade de repórteres continuaram quando Bolsonaro foi perguntado sobre a possível mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém em 2020, fato revelado recentemente pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e corroborado por outro filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

— Você pretende se casar comigo um dia? — devolveu Bolsonaro.

E prosseguiu, entre risos de seus seguidores:

— Você pretende se casar comigo? Responde. Você não gosta de louro de olhos azuis?

O jornalista não retrucou e Bolsonaro não parou aí.

— Não seja preconceituoso. Vou te processar por homofobia. Você é homofóbico — ironizou.

Em queda

Se a claque do presidente acha seu comportamento engraçado ou condizente com o posto que ocupa, na República, a maioria dos brasileiros já não concorda tanto assim. A popularidade do governo, a confiança e a aprovação da população na maneira de Jair Bolsonaro governar estão em queda, segundo nova pesquisa feita pelo Ibope e divulgada nesta tarde. Para a maioria dos entrevistados, 53%, o modo de Jair Bolsonaro governar o Brasil é inadequado.

Trata-se de seu pior resultado entre as últimas quatro pesquisas do Ibope, ao longo do ano. O estudo, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ocorreu entre os dias 5 e 8 de dezembro. Anteriormente, portanto, à deflagração do novo escândalo sobre Flávio Bolsonaro.

Para 53% dos entrevistados, Bolsonaro é reprovado na sua maneira de governar. Eram 40% em abril e 48% em junho e 50% em setembro. O número daqueles que aprovam está em 41%, mas eram 51%, 46% e 44% nas pesquisas anteriores. Um total de 6% não quiseram responder.

Ruim ou péssimo

A confiança no presidente também cedeu, embora marginalmente, dentro da margem de erro. Os que disseram “confiar” no presidente foram 41% dos entrevistados. Em abril, esse percentual era de 51% e caiu para 46% em junho e para 42% em setembro. Na outra ponta, 56% disseram
“não confiar” em Bolsonaro, quando eram 45% em abril e 51% em junho e 55% em setembro.

Também caiu a avaliação positiva (ótimo e bom) do governo. Era de 35% em abril, caiu para 32% e 31% em junho e em setembro, respectivamente, e agora está em 29%. A avaliação negativa (ruim e péssimo), por sua vez, subiu de 27% em abril para 32% em junho, em setembro chegou a 34% e agora alcançou 38%. Aqueles que consideram o governo “regular” são 31% (eram 31% em abril e os mesmos 32% em junho e em setembro). Os que não sabem ou não quiseram responder somaram 3%.

A CNI/Ibope ouviu 2 mil pessoas em 127 municípios, entre 5 e 8 de dezembro. A Sondagem Especial, por sua vez, entrevistou 1.914 empresários de todo país entre os dias 2 e 10 deste mês. Em ambas, a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e, a confiança, de 95%.

Chocolate

Após a divulgação dos fatos levantados a partir de investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a tendência é de uma queda ainda mais acentuada nos índices de aprovação do mandatário. Os promotores divulgaram, nesta sexta-feira, que o senador Flávio Bolsonaro teria lavado até R$ 2,3 milhões em transações imobiliárias e com sua loja de chocolates em um shopping da Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade.

As operações tiveram como semelhança o uso de grande quantidade de dinheiro vivo. Para a Promotoria, a origem desses recursos em espécie é o esquema de “rachadinha” no antigo gabinete do senador na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), operado por Fabrício Queiroz, que tem feito o presidente perder a cabeça diante da imprensa.

De acordo com a investigação, o objetivo com a lavagem de dinheiro é viabilizar que o dinheiro vivo obtido ilegalmente ganhe ares de legalidade ao integrarem o patrimônio do senador e de sua loja, da qual tem 50% da sociedade.

Irritado

Flávio Bolsonaro negou, em vídeo divulgado na noite passada, que tenha cometido os crimes que estão sendo investigados pelo MP-RJ. Na quarta-feira, sua defesa pediu habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que fosse suspensa a investigação do Ministério Público sobre a prática de “rachadinha” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. A Corte Suprema ainda não julgou o pedido.

Bolsonaro tem, seguidamente, afirmado que as investidas do MP-RJ às movimentações suspeitas de recursos de seu filho mais velho, o ’01′, senador Flávio Bolsonaro (sem partido), quando deputado estadual, a uma suposta pressão do governador Wilson Witzel (PSC-RJ). Mas Witzel não é o único alvo do presidente. Bolsonaro disse a assessores mais próximos que seu ministro da Justiça, Sergio Moro, “anda muito esquisito”.

Visivelmente irritado com as operações de busca e apreensão realizadas pelo MP-RJ, na quarta-feira, em endereços ligados à sua ex-mulher Ana Cristina Siquera Valle, o filho Flávio, o assessor e ex-policial Fabrício Queiroz e outros parentes e assessores da Alerj, Bolsonaro não tem visto em Moro uma “atitude mais firme” sobre os policiais e delegados a ele subordinados.

Segundo assessores, Bolsonaro gostaria que a Polícia Federal, chefiada por Moro, atuasse de “maneira mais pró-ativa” para neutralizar a o Ministério Público do Rio. Bolsonaro já havia forçado o ministro a afastar o superintendente da Polícia Federal no Estado, na expectativa de manter a corporação local sob maior controle.

Fonte: CdB

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