Na Câmara, após chamar Moro de “juiz ladrão”, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi às redes sociais nesta quarta-feira para reafirmar o que disse.
Chamado de “juiz ladrão”, pouco antes de um tumulto encerrar as mais de oito horas de depoimento, noite passada, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, caiu do pedestal de um ídolo no combate à corrupção à condição de pária, no cenário internacional.
Na CCJ do Senado, onde Moro passou também mais de nove horas, na semana passada, recitando as mesmas declarações que levou à Câmara, o jornalista Gleen Greenwald, editor da agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, prestará depoimento sobre o escândalo.
O requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi aprovado por maioria. O objetivo é a tentativa de elucidar a troca de mensagens entre o ex-juiz e integrantes da Operação Lava Jato. O vazamento revelou a manipulação dos processos relacionados à Operação.
Ataques
O requerimento convida Greenwald a “prestar informações sobre fatos revelados que vem causando repercussão nacional e internacional, sobre troca de mensagens, por meio do aplicativo Telegram, entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da república Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato“.
“O material apresentado traz enorme preocupação no que diz respeito a uma possível condução e interferência pessoal de juízes e procuradores, que vão na contramão do princípio da imparcialidade, que sempre deve balizar a conduta dos membros do Ministério Público e do Poder Judiciário”, justifica o parlamentar no requerimento.
O texto destaca ainda que o jornalista Glenn Greenwald vem “sofrendo publicamente ataques de diversos setores do governo” o que torna “a presença do autor dessas impactantes reportagens a esta Comissão de Constituição e Justiça fundamental para o esclarecimento de um assunto que vem trazendo enorme repercussão para o país”.
‘Juiz ladrão’
Na Câmara, após chamar Moro de “juiz ladrão”, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi às redes sociais nesta quarta-feira para reafirmar o que disse sobre o ministro. Glauber, em mensagens nas redes sociais, garantiu que não retira “uma palavra sequer” do que disse. Ele desafiou os deputados do PSL a levarem-no ao Conselho de Ética da casa.
“Se fizerem isso, o que eu duvido, vou pedir a produção de provas para provar que Moro é um juiz ladrão”, disse ele, no Twitter.
Veja o vídeo de Glauber no link abaixo:
Deputado Glauber detona com o ex-juiz Sérgio Moro no CCJ
Repercussão
Interna e externamente, o ex-juiz Sergio Moro sofre um intenso desgaste em sua imagem. Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva baseado apenas em uma delação premiada que se apresenta, agora, como uma fraude. Ele também foi acusado de mandar investigar o jornalista Glenn Greenwald, que o investiga.
Para jornalistas, no Brasil, Moro perdeu totalmente a credibilidade. Na imprensa internacional não é muito diferente. O francês Le Monde descreveu “o agora ministro do presidente de extrema direita” como “herói caído da anticorrupção”.
O diário britânico The Independent, também pegou pesado: “E foi Moro, uma figura partidária de direita com ilusões messiânicas, disposta a acabar com o Estado de Direito em busca de seus objetivos, que desempenhou o papel principal de colocá-lo lá”.
Abuso
O site norte-americano de notícias HuffPost estampa que Moro agora “encara seu próprio escândalo” e afirma que ele peca “por excesso de ambição e de vaidade”. O ponto mais grave, agora, é a revelação de que a Polícia Federal passou a investigar o jornalista Glenn Greenwald.
A organização Freedom of the Press Foundation também se pronunciou, nesta quarta-feira, dizendo que o cerco do ministro “não é apenas um ataque ultrajante à liberdade de imprensa, mas um grosseiro abuso de poder”.
Do CdB