Petrobrás: Nunca tão poucos destruíram tanto em tão pouco tempo

saqueado

Por Cláudio da Costa Oliveira*

Claudio Castello Branco deverá conquistar troféu “BlackRock” 2020, de entrega total, concedido pelos Fundos Abutres.

Durante a II Grande Guerra, o premier britânico Winston Churchill disse “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos” se referindo à bravura dos pilotos da RAF na defesa da nação atacada pelos alemães.

Em entrevista à Exame, publicada quinta-feira  (08/10), o atual presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco disse “Fizemos trabalho de seis anos em seis meses”:

https://exame.com/revista-exame/seis-anos-em-seis-meses/

Concordo plenamente, só acho uma injustiça pretender que os louros sejam devidos apenas a ele e a atual administração, esquecendo-se do esforço de tantos que o antecederam.

Esqueceu de José Serra que conseguiu retirar a prioridade da Petrobrás na exploração do pré-sal como havia prometido à Chevron. Cidadão de palavra.

Esqueceu da ex-presidenta Dilma, que no leilão de Libra abriu a exploração do pré-sal brasileiro às nações amigas (como D.João VI), além de iniciar o processo de desmonte da Petrobrás, em 2015, com um plano de negócios que previa a venda de mais de US$ 55 bilhões de ativos da Petrobrás. Lembram do Vendine ?

Melhor ainda, não defendeu a empresa quando a Rede Globo (Miriam Leitão e Sardenberg) lançaram a “mãe das mentiras” dizendo que a companhia estava à beira da insolvência, com uma dívida impagável. Deixou que a mentira se transformasse em verdade para a população brasileira.

Esqueceu do “grande” Pedro Parente, “um colosso”, dizia Miriam Leitão. Criador do Preço de Paridade de Importação – PPI, que sufoca o consumidor brasileiro e segura o crescimento do país. Assim como Vargas que se matou para que a Petrobrás sobrevivesse, Parente sucumbiu na greve dos caminhoneiros pela permanência do PPI. Um mártir.

É melhor parar por aqui pois são muitos os nomes e podemos cometer injustiças. Voltemos à entrevista de Castello Branco.

Interrogado, se mostrou contrário ao regime de partilha, que na sua opinião “não é atrativo para os investidores”. Deixou de dizer que o ponto fundamental do regime de partilha era de que a Petrobrás seria operadora única com participação mínima de 30%.

A retirada da Petrobrás da condição de operadora única no pré-sal deveria ter provocado modificações no regime de partilha pois retirava da União o controle sobre os gastos apropriados no custo em óleo.

Sobre isto, editorial do Valor Econômico de novembro de 2017 cita declaração do insuspeito ex-presidente da ANP, Décio Oddone: “Nele (regime de partilha) o investidor agrega despesas sem nenhum critério, só para elevar o custo e entregar um volume menor de petróleo à União”

Ou seja, entregar a operação da exploração dos campos a empresas estrangeiras (como já feito em diversos) é como cair no conto do vigário.

Questionado sobre a decisão do STF de não conceder liminar para interromper a vendas das refinarias respondeu que “acredita que a justiça entendeu os benefícios da venda de ativos da companhia”.

Francisco de Quevedo, poeta e pensador espanhol do Séc.XVI dizia “Quem julga pelo que ouve e não pelo entende é orelha e não juiz”.

Quem assistiu o julgamento pode ver que os ministros que negaram a liminar decidiram de “orelhada” mostrando total incompetência para o cargo que ocupam.

Foram utilizados argumentos do tipo “o valor das refinarias é insignificante em relação ao imobilizado total da companhia” sem atentar para o fato de que, contabilmente, as refinarias já foram totalmente depreciadas. É ridículo.

Mas Castello Branco foi sim “brilhante” quando explica as modificações que serão feitas no PNG 2020/2024, cujo quadro de Usos e Fontes exibimos a seguir:

Notem que neste PNG foi considerado o Brent a US$ 45-50.

O novo PNG 2021/2025 a ser apresentado em Nova Iorque no final de novembro deverá considerar o preço do Brent em torno de US$ 35. Com isto evidentemente haverá uma redução na Geração de Caixa, principal fonte de recursos do plano.

Para compensar Castello Branco informou que vai aumentar os desinvestimentos (venda de ativos) e reduzir os investimentos para US$ 40-50 bilhões. Com o objetivo, é claro, de manter ou aumentar o pagamento de dividendos.

Com isto Castello Branco deverá conquistar da Associação Internacional dos Fundos Abutres o troféu “BlackRock” 2020 de entrega total.

*Claúdio da Costa Oliveira, economista da Petrobrás aposentado.

Fonte: Pátria Latina

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