A Rússia lamenta que o Conselho de Segurança da ONU tenha perdido tempo ao não adotar na segunda-feira um projeto de resolução da Federação Russa pedindo um cessar-fogo imediato na zona de conflito palestino-israelense, disse o Representante Permanente russo, Vasily Nebenzya, em uma reunião do Conselho de Segurança.
“Em 16 de outubro, muitos membros do Conselho tentaram dissuadir-nos de votar o nosso projeto de resolução humanitária e despolitizada. Pediram-nos que esperássemos 24 horas para que pudéssemos apresentar um projeto de resolução consensual. Não concordamos com isso e fizemos a coisa certa, porque no final, dois dias depois, um projeto de resolução foi colocado em votação com pequenas, mas muito polêmicas mudanças”, disse Nebenzia antes da votação de quarta-feira do projeto de resolução brasileiro, que acabou sendo não adotado devido ao veto dos EUA.
“Lamentamos que no final o Conselho tenha desperdiçado preciosas 36 horas, durante as quais o número de mortos aumentou ainda mais”, disse o representante permanente.
Ele relembrou o ataque ao hospital Al-Ahli, na Faixa de Gaza, na terça-feira.
“Neste contexto, a inação por parte do Conselho de Segurança parece desagradável. Alertamos ontem os nossos colegas que não há tempo a perder”, observou o representante permanente.
“Todos os que não apoiaram o nosso projecto de resolução humanitária que apela a um cessar-fogo imediato na segunda-feira devem compreender que têm parte da responsabilidade pelo que aconteceu em Gaza”, enfatizou Nebenzya.
Segundo ele, o projeto submetido pelo Brasil para votação na quarta-feira não ajudaria a evitar a repetição dessa tragédia. Não continha um apelo direto a um cessar-fogo, observou o representante permanente.
“Esta formulação, que é mais importante para desescalar a “situação no terreno”, foi substituída por um apelo a pausas humanitárias, além disso, limitadas apenas a garantir o acesso humanitário desimpedido às agências da ONU. Mas não é a mesma coisa. As “pausas humanitárias” não ajudarão a parar o derramamento de sangue. Somente um cessar-fogo pode fazer isso”, disse Nebenzya.
Acrescentou que a Federação Russa propôs duas alterações ao texto brasileiro e alertou que se as alterações propostas não fossem incluídas no texto do documento, não contribuiria para retificar a catastrófica situação humanitária em Gaza, mas apenas piorarão a divisão entre os membros do Conselho de Segurança e polarizar as posições dos países membros das comunidades internacionais.
Como resultado, o Conselho de Segurança da ONU não aceitou as alterações da Federação Russa ao projeto brasileiro.