Base ideológica do bolsonarismo se esfacela: Olavo pula do barco e mídia abre fogo

Setores que ajudaram a legitimar o governo Jair Bolsonaro se voltam contra as escolhas do presidente

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Relação entre as declarações do vice-presidente Mourão e de Bolsonaro expõe conflitos internos que desagradam diferentes setores / EVARISTO SA / AFP

Após mensagens que causaram constrangimento nas redes sociais, além da afirmação que aponta que a democracia é um favor dos militares aos civis, o apoio ideológico ao governo de Jair Bolsonaro diminuiu de forma pública, expondo as contradições no interior da coalização que dirige o Palácio do Planalto.

De um lado, os jornais da imprensa burguesa se posicionaram contra as aparentes dificuldades de articulação e gestão política do próprio presidente – e seus familiares. Em editorial desta sexta-feira (8), entitulado “Quebrando Louças”, o Estado de São Paulo afirma que “o presidente provavelmente se considera acima do cargo que ocupa, dispensado dos rituais e protocolos próprios de tão alta função. Até à disseminação de pornografia pelas redes sociais ele tem se dedicado, para estupefação nacional e internacional”.

“Vai mal um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente”, diz o texto. De forma direta, o jornal paulista esvazia qualquer esperança em relação à figura do presidente: “O bom senso sugere que não se deve esperar que Bolsonaro de repente compreenda seu papel e se transforme num estadista, capaz de, em poucas palavras, guiar as expectativas do País. Diante disso, a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente”.

No editorial, o Estadão deixa transparecer sua preocupação de que os atropelos de Bolsonaro e sua família dificultem os avanços de determinadas pautas – “a dificuldade de arregimentar apoio a uma reforma da Previdência na qual Bolsonaro parece não acreditar”.

Folha de S.Paulo, lançou editorial no mesmo sentido. Em “Governe, presidente”, a publicação defende que “(…) Há um país repleto de problemas graves à espera de que o eleito ponha-se a trabalhar para resolvê-los. Os dias de agitar torcida terminaram. No Brasil, um presidente da República há 66 dias no cargo tem mais a fazer do que publicar boçalidades e frases trôpegas numa rede social.A dedicação que sobra à frente da telinha falta na reforma da Previdência”, escreveu.

O Globo também se juntou às críticas e publicou um editoral chamado de “Não falta trabalho para Jair Bolsonaro”, instando o presidente a abrir mão das declarações polêmicas e cumprir sua função no Executivo.

Outro fator importante da crítica é a influência ideológica sem a mensuração das consequências, políticas e econômicas, de declarações e posições assumidas em público, principalmente na área das Relações Exteriores.

O “guru” Olavo de Carvalho, que se defende o presidente, abandonou o barco do governo. Em mensagem nas redes sociais, pede que seus “alunos que ocupam cargos no governo”, incluindo ministros, deveriam “abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos. O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles”.

Do Brasil de Fato

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