Biossegurança brasileira ameaçada: Oxitec e o novo surto de dengue

À luz das conclusões de especialistas do Ministério da Defesa russo sobre as atividades internacionais dos biolaboratórios ocidentais, pode ser relevante examinar mais de perto alguns fatos ocorridos há alguns anos no Brasil.

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Rafael Machado

As últimas notícias sobre o Brasil com repercussão internacional tratam de um novo surto de dengue, que já afetou mais de 360 ​​mil pessoas e causou a morte de pelo menos 40. O caso é notório o suficiente para merecer a visita de Tedros Adhanom, Diretor- Geral da OMS, que disse que o surto no Brasil fazia parte de um fenômeno global.

Sem pretender uma ligação, mas a honestidade obriga-nos a lembrar que esta visita ocorre poucos dias depois de o Sr. Adhanom ter declarado em Davos, no Fórum Econômicp Mundial, a iminência da “Doença X”, que exigiria medidas restritivas a nível global, bem como um recrudescimento na luta contra a “desinformação”.

À luz das investigações e conclusões de especialistas do Ministério da Defesa russo sobre as atividades ucranianas e internacionais dos biolaboratórios ocidentais, no entanto, pode ser relevante examinar mais de perto alguns fatos que se desenrolaram há alguns anos no Brasil.

De acordo com as próprias fontes oficiais da empresa britânica Oxitec (oxitec.com), bilhões de mosquitos geneticamente modificados foram liberados desde 2011 com o objetivo de combater a disseminação de doenças como dengue, zika e chikungunya, que periodicamente ressurgem e afetam centenas de milhares de brasileiros.

A operação baseia-se na manipulação dos genes dos mosquitos Aedes Aegypti machos (portadores e transmissores destas doenças) para que os descendentes do seu cruzamento com mosquitos fêmeas normais tenham um desenvolvimento atrofiado ou defeituoso, o que acabaria por levar à erradicação dos mosquitos e, conseqüentemente, dengue.

Os primeiros testes, como os realizados na cidade de Jacobina, na Bahia, apontaram uma taxa de 85% de ovos geneticamente modificados entre toda a população de mosquitos da cidade, o que foi lido como uma demonstração do sucesso do experimento.

Porém, vimos o resultado desse otimismo em 2019, quando a revista Scientific Reports apontou que o experimento com o mosquito Aedes Aegypti pode ter criado um “supermosquito”. Segundo a publicação, 18 meses após o término do referido experimento, as alterações genéticas dos mosquitos transgênicos já estavam presentes na população nativa de insetos. Mesmo em distritos vizinhos e regiões onde não foram libertados mosquitos geneticamente modificados, os mosquitos tinham genes mistos.

Conjecturou-se na época que esses mosquitos poderiam ser mais resistentes a inseticidas e venenos. A médica Lia Giraldo da Silva Augusto, pesquisadora de saúde ambiental e ex-integrante da CTNBio, disse acreditar que houve lobby para favorecer a empresa britânica – o que foi facilitado pelo fato de a empresa lidar diretamente com prefeituras de cidades extremamente pobres.

Ela denuncia também o fato de não ter havido monitoramento de longo prazo e de apenas resultados de curto prazo terem sido utilizados para pressionar pela liberação comercial do mosquito transgênico.

Esta não é a primeira polêmica envolvendo a Oxitec.

Os cidadãos da Florida, mais especificamente de Florida Keys, têm travado uma batalha há mais de 10 anos contra a libertação de milhares de milhões de mosquitos geneticamente modificados. De acordo com várias organizações sociais, como a Florida Keys Environmental Coalition, não há provas de que os mosquitos geneticamente modificados limitem a propagação de doenças como a dengue, até porque não houve nenhum estudo independente. A Oxitec também afirma que os resultados dos seus estudos sobre o impacto ambiental e humano dos seus mosquitos transgênicos são “informações confidenciais”.

Em 2018, por sua vez, o governo das Ilhas Caimãn cancelou o projeto da Oxitec de propagação de mosquitos transgênicos após pressão popular generalizada, apoiada por questões sobre a eficácia e segurança do plano. A ONG GeneWatch UK divulgou na época um relatório, baseado em documentos divulgados pela própria Oxitec, que indicava a ineficácia do método utilizado para suprimir a população de mosquitos e evitar a propagação de doenças como dengue, Zika e chikungunya.

Apesar destas controvérsias e críticas de grupos de cidadãos preocupados com os riscos de a Big Pharma manipular a natureza para obter lucro, a Oxitec ainda está a avançar com projetos no Panamá, Djibuti, Uganda e nas Ilhas Marshall, pelo menos.

Mas quem está realmente por trás da Oxitec? A empresa britânica foi adquirida em 2015 pela corporação norte-americana Intrexon (que em 2020 mudou de nome para Precigen), que em 2020 vendeu a Oxitec à empresa de capital de risco Third Security LLC, especializada em biotecnologia.

A Intrexon/Precigen tem a própria Third Security como seu maior acionista (38,87 por cento), sendo os outros principais investidores a alemã Merck KGaA e as empresas norte-americanas Patient Capital e BlackRock.

O projeto do mosquito transgênico, no entanto, tem como principal financiador a Fundação Bill & Melinda Gates, e o próprio Bill Gates tem sido um dos principais porta-vozes desta ideia de combater doenças transmitidas por mosquitos através de mosquitos transgênicos.

E é aqui que a “toca do coelho” se aprofunda. O interesse de Bill Gates em programas controversos de investigação biológica, incluindo na Ucrânia, já é bem conhecido.

Em maio de 2022, por exemplo, a RT publicou um relatório do Tenente General Igor Kirillov, chefe da Força de Proteção Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Federação Russa, no qual a Fundação Bill & Melinda Gates estava implicada num esquema para financiar biolaboratórios militares na Ucrânia – um esquema que também envolve a participação de grandes empresas farmacêuticas, incluindo a já mencionada Merck KGaA. Neste esquema, os medicamentos e as vacinas seriam testados na população ucraniana sem cumprir as normas de segurança internacionais, a fim de reduzir custos.

Igor Kirillov divulgou outro relatório em julho de 2023 que pode ser do nosso interesse. Neste relatório, que já é resultado de investigações russas sobre biolaboratórios ocidentais na Ucrânia, Kirillov enfatiza o interesse do Departamento de Defesa dos EUA em estudar mosquitos que transmitem infecções como a dengue. Ele reitera que a Rússia tem evidências de experimentação perigosa com mosquitos em instalações especiais, tanto nos EUA como no exterior, destacando precisamente a Oxitec como uma empresa ligada ao Departamento de Defesa dos EUA e capaz de produzir em massa vetores de infecção para dengue e outras doenças.

Kirillov aponta finalmente para uma correlação entre a disseminação das operações destes biolaboratórios ligados ao Ocidente e uma incidência crescente de doenças incomuns nos territórios em questão.

Com isso, não é nossa intenção lançar especulações vazias sobre as atividades da Oxitec, mas sim enfatizar a necessidade de uma política rigorosa de biossegurança brasileira e ibero-americana que leve em conta as conclusões russas sobre as atividades suspeitas de biolaboratórios ligados ao governo dos EUA, a Fundação Bill e Melinda Gates e a Big Pharma.

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