Acusação se refere à morte de manifestantes na repressão em Sacaba e Senkata, em 2019
O procurador-geral da Bolívia, Juan Lanchipa, apresentou ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) na última sexta-feira (20) uma denúncia de genocídio contra a ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez, que já está em prisão preventiva desde março por envolvimento no golpe de Estado contra Evo Morales em 2019.
“O MP apresentou hoje (…) o pedido acusatório contra a cidadã Jeanine Áñez Chávez por atos classificados provisoriamente como genocídio, lesões graves e leves e lesões seguidas de morte”, informou Lanchipa durante coletiva de imprensa em Sucre.
O procurador-geral disse ainda que a acusação se refere à morte de 20 manifestantes na repressão a protestos pró-Morales pelas forças de segurança em Sacaba e Senkata, entre 15 e 19 de novembro de 2019.
Se o TSJ aceitar a denúncia, o caso será encaminhado ao Parlamento, a quem cabe decidir sobre a abertura ou não do processo contra Áñez. O Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, votará a favor, mas precisará do apoio de outras legendas para alcançar os dois terços necessários para levar Áñez a julgamento.
Ela ainda corre o risco de parar no banco dos réus em outro inquérito, este que apura sua suposta cumplicidade em um “golpe de Estado” contra Evo.
Um grupo interdisciplinar de especialistas independentes confirmou a ocorrência de “graves violações dos direitos humanos” no fim de 2019, especialmente execuções extrajudiciais nas duas regiões dos massacres durante o governo Áñez.
Nesta época, estava em vigor um decreto da então presidente autoproclamada que exonerava militares de responsabilidade penal nas operações para “restabelecer a ordem” na Bolívia. De acordo com esse grupo, os manifestantes baleados em Sacaba e Senkata foram vítimas de “uso desproporcional de força”.
Fonte: Opera Mundi