Bye, bye sonho de um Brasil Grande! E agora, o que nos resta?

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Foto: Reprodução

Foi-se a Embraer, talvez fosse o último suspiro de um sonho por um país independente que podia produzir produto de qualidade e com alta tecnologia, com corpo de técnicos e engenheiros altamente qualificado.

Estamos condenados a ser  uma nação pária, que na divisão mundial do trabalho, só nos designaram para ser um imenso campo produtor de commodities. Não podemos ter a ousadia de querer fabricar além de espelhinhos e aguardente!

A tão festejada Operação Lava-jato que seria a redenção do país através do combate da corrupção fez um estrago irrecuperável ao país. Uma operação arquitetada no exterior atingiu seu objetivo. O Wikileaks já havia trazido público a denúncia que o NSA no governo de Barack Obama havia grampeado os telefones de Dilma Roussef  e a Petrobrás, com essas informações foi fácil municiar promotores e o juiz adestrados no EUA para destruir a empresa e o governo do PT.

Foi-se conteúdo nacional, a indústria naval e o pre-sal. E a engenharia nacional, com a destruição das empreiteiras que estavam disputando e ganhando mundo afora grandes projetos como o da Hidroelétrica de Laúca em Angola.

O Brasil estava incomodando era preciso derrubar o governo popular e instalar um governo mais dócil ao interesse do capital internacional.

Mais esse processo de destruição de um projeto de desenvolvimento autônomo nacional, vem de longe, não é de agora.

Se Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek eram os grandes representantes de um projeto nacional desenvolvimentista, com instalação de grandes siderúrgicas e fábricas de automóveis, não podemos dizer o mesmo dos militares golpistas que se instalaram no poder a partir de 1964.

A era dos Militares entreguistas da Escola das Américas

A partir da derrubada presidente João Goulart, entre em cena os militares adestrados na Escola das Américas. O golpe militar alterou completamente os rumos políticos e econômicos. A mentalidade da guerra fria contaminou o ambiente político e os planos de desenvolvimento do país acaba sendo influenciado pela potência do norte, como consequência, a privatização de empresas estatais entre em moda.

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Fábrica Nacional de Motores FNM – Linha de produção, caminhão D7300 – D9500 – D11000 – 180 . Foto: Reprodução YouTube

Quem não se lembra da Fábrica Nacional de Motores, a famosa “FeNeMê”, fundada por Getúlio Vargas em 1942, em 1969 foi privatizada pelos militares, passando-a para a Alfa Romeo.

Todo o processo de privatização foi de absoluto sigilo, sendo o mesmo dispensada concorrência pública.

Na época foram muitos os motivos de surpresa, e à mesma pergunta: porque à Alfa Romeo? Alfa Romeo não fabricava mais caminhões na Itália havia quatro anos. Mas devido a censura muitos dos questionamentos foram silenciados.

Moral da história a “FeNeMê” encerrou suas atividades em 1985, e o país ficou sem uma fábrica de caminhões genuinamente nacional!

O fim das indústrias de PC’s e de eletrônicos

Nas poucas vezes que os presidentes dos EUA visitaram a América Latina, houve uma enorme gafe cometida por Ronald Reagan, em dezembro de 1982, quando propôs, durante um jantar oficial, um brinde ao “povo da Bolívia”.

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Ronald Reagan entre o secretário de Estado dos EUA, George Shultz, e o general presidente João Baptista Figueiredo

O brinde teria passado despercebido, se não tivesse sido realizado em Brasília, durante sua passagem pelo Brasil, na presença do então presidente João Baptista Figueiredo. Isso é um exemplo da pouca importância que os presidentes americanos têm pela América latina, local em que eles sempre consideraram como seu quintal.

Apesar da gafe, Reagan não voltou ao EUA de mão abanando, conseguiu que Figueiredo pusesse fim a reserva de mercado para produtos de informática. Desse modo a nascente e promissora indústria de computadores foi sacrificada devido a abertura de produtos importados.

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à esquerda Um dos primeiros computadores pessoais brasileiro – CP 500, à direita o Televisor Teleotto

Nessa época também desapareceram muitas marcas de televisores…é verdade! O Brasil fabricava tv’s genuinamente nacional. Os mais antigos devem se lembrar das marcas Colorado RG, Semp, Teleotto, etc.

Não só televisores, mas rádios, aparelhos de som das marcas que ficaram na lembrança tais como a Polivox, Gradiente e a Quasar.

Seguindo um pouco mais adiante, no governo Fernando Henrique Cardoso, o sonho de uma fábrica genuinamente nacional foi destruída, graças a falência da Gurgel Motores em 1996.

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Gurgel BR-800

As indústrias brasileiras fabricavam muitos produtos, porém a economia brasileira teria passado por um processo de desindustrialização, sobretudo na etapa final da ditadura militar, ou seja, nas décadas de 1980 e 1990 tanto em termos da participação do emprego como da participação no valor adicionado. Esse fenômeno foi causado pela combinação perversa entre abertura irrestrita do mercado aos produtos importados, valorização dos termos de troca e câmbio apreciado e também o baixo investimento realizado na economia brasileira, particularmente na indústria. Essa é a consequência da aplicação da cartilha neoliberal. Também não se pode esquecer que durante a ditadura houve uma brutal concentração de renda, ou seja, um mercado consumidor pequeno também é um fator inibidor para investimento industrial.

Pode-se argumentar que as indústrias nacionais fabricavam produto de baixa qualidade, pode até ser verdade, mas tomando como exemplo o Japão que é um país exportador de produtos acabados, até no final da década de 60, os seus produtos eram reconhecidos como de baixa qualidade. Hoje o Japão possui grandes indústrias no ramo da eletrônica como a Sony, na área automobilística como a Mitsubishi, Subaru, a Nissan entre outros. Por esse mesmo processo também passou a Coréia do Sul, quem se lembra dos produtos Goldstar, acho que poucas se lembram, mas se disser LG eletronics todos reconhecerão que é uma grande fabricante de produtos eletrônicos. A Goldstar era o antigo nome da LG que fabricava produtos de baixa qualidade.

A China também passou por esse processo de evolução industrial e hoje fabrica produtos de alta qualidade, como exemplo cito a Hwaei, a grande fabricante de smartphone, tablets e laptops.

Os sucessivos governos neoliberais mataram a industrial nacional no berço, elas – as indústrias, não tiveram tempo de atingir a maturidade tecnológica.

O que nos resta?

A divisão mundial trabalho reservou ao Brasil, ser mero fornecedor de commodities, mas mesmo nesse nicho de mercado corremos risco!

Com a aproximação, melhor dizendo “assimilação” do país ao EUA, oferecido de bandeja pelo governo lumpemburguês  de Jair Bolsonaro, mais a retórica crítica à China adotada por Bolsonaro na campanha eleitoral, fará com que o principal parceiro comercial do Brasil adote uma postura de retaliação. Grande parte da soja e outros produtos como minério de ferro tem como destino final a China. Agora em meio à guerra comercial dos americanos com os chineses, a China fechou um acordo em que redirecionará parte da comprar da soja do Brasil para os EUA. Um outro fator de preocupação para o pessoal do agronegócio é a Rússia.

As sanções econômicas impostas à Rússia pelos EUA foi um tiro pela culatra. Ao invés, conforme intenção dos EUA de prejudica-la, acabou fazendo com que a Rússia desenvolvesse vários setores da economia para substituir as importações. Hoje produz soja, e é autossuficiente na produção de frangos e suínos.

Mercado de muitos países certamente fechará as portas para o Brasil, graças ao seu alinhamento ideológico estúpido, que como consequência causará um dano econômico irreparável. Grandes produtores, competindo com os mesmos produtos, o Brasil provavelmente não encontrará onde colocar seus produtos, ou será que os Bolsominions acreditam que as commodities que deixará de ser exportada para China, Rússia e Oriente Médio, serão absorvidas pelos EUA e Israel?

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