Carla Zambelli complica a vida de seu ‘Malvado Favorito’

Denunciado por Moro por, supostamente, intervir nas investigações da Polícia Federal (PF) ao demitir o diretor-geral Maurício Valeixo, Bolsonaro não planejava dominar todos os inquéritos em curso na autarquia, “apenas aqueles que diziam respeito somente a ele”, disse Zambelli

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Em um ato característico dos minions — personagens da franquia Meu Malvado Favorito — a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) pensou apoiar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quando, na realidade, ofereceu mais argumentos contra ele, em processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Zambelli aparece em meio à escalada de fatos que terminaram com a renúncia do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na sexta-feira.

Denunciado por Moro por, supostamente, intervir nas investigações da Polícia Federal (PF) ao demitir o diretor-geral Maurício Valeixo, Bolsonaro não planejava dominar todos os inquéritos em curso na autarquia, “apenas aqueles que diziam respeito somente a ele, não a adversários políticos”, disse a parlamentar, em uma rede social. A prática, no entanto, está configurada na legislação brasileira como “crime de responsabilidade”.

Informações

Moro apresentou provas documentais que confirmam a declaração de Zambelli, em troca de mensagens com a deputada próxima a Bolsonaro. Ela tentava convencê-lo a aceitar o nome do atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, no comando da PF, em substituição a Maurício Valeixo. Caso ele concordasse, a parlamentar o ajudaria a convencer o presidente a indicá-lo a uma vaga no STF, em setembro.

— O ponto é que ele (Bolsonaro) falava que gostaria de ter acesso a informações relativas a ele, não contra outras pessoas. Um (dos casos) é a tentativa de assassinato (contra ele), que até hoje não se descobriu o mandante. Ele não queria que a PF repassasse informações sobre o José Dirceu, por exemplo. O que ele queria eram os últimos acontecimentos do país dentro de cada órgão, aquelas (informações) que podem se tornar públicas. Por que ele pode saber informações de outros órgãos, e não da PF? — argumenta a parlamentar, piorando muito a vida do seu ídolo.

Numa transmissão ao vivo em seu Facebook, Zambelli tentava se explicar sobre a suposta ajuda a Sérgio Moro.

— O Planalto não queria que o ministro saísse. Então, como eu tenho amizade por ele (Moro), eu me dispus a entrar em contato com ele e conversar, chegar a um entendimento, já que ele e o Bolsonaro não tinham chegado a um entendimento. Me propus a ajudar. Eu sabia que o problema estava em cima do nome do Valeixo. Eu estava propondo para ele aceitar o Ramagem, que era um bom nome para ele (Moro) e para o presidente Bolsonaro. Como uma cidadã, como qualquer um de vocês, eu disse que ajudaria ele a ir para o STF — comprometeu-se.

Centrão

Além de Moro, Zambelli entrou na linha de tiro do chamado Centrão, um grupo de deputados da direita venal que, agora, torna-se a base de apoio ao presidente, no Congresso, em troca de cargos na máquina pública federal. Mas Moro ainda permanece como alvo principal do grupo, que tem parlamentares citados nas investigações da Operação Lava Jato.

Desde antes do início do atual governo, o grupo, formado por partidos da centro-direita que reúnem até 200 dos 513 deputados, buscou desacreditar o ministro da Justiça, cargo que Moro ocupou até a última sexta-feira. O motivo é que o agora ex-ministro foi o juiz responsável pela operação que desde 2014 devastou boa parte do mundo político, levando aos tribunais líderes das siglas que formam o Centrão.

Parlamentares do Centrão afirmam que Moro e a Lava Jato simbolizam o movimento de criminalização da política, com ligações perigosas às agências norte-americanas de inteligência.

Fonte: CdB

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