O relatório final da CPI da Covid será apresentado na próxima terça-feira. Cogita-se, ainda, a inclusão de nomes de militares envolvidos em supostos esquemas de corrupção travados durante a aquisição de vacinas contra a covid-19 nos indiciamentos e processos judiciais.

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) decidiu propor o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus quatro filhos; além de dois ministros: o titular da Saúde, Marcelo Queiroga, e o atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni. Bolsonaro será apontado por cometer 11 crimes, segundo o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito.
O documento será apresentado na próxima terça-feira. Cogita-se, ainda, a inclusão de nomes de militares envolvidos em supostos esquemas de corrupção travados durante a aquisição de vacinas contra a covid-19 nos indiciamentos e processos judiciais. A jornalistas, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que participou ativamente das sessões da CPI, afirmou que “mais do que constrangimento” os militares e figuras do chamado ‘Centrão’ sejam “investigados pelo Ministério Público e denunciados junto ao Poder Judiciário.
Mesa Diretora
Segundo a parlamentar emedebista, é “lamentável” que a CPI tenha esbarrado em nomes de militares durante as investigações “diante do respeito e da credibilidade que tem as Forças Armadas brasileiras”, afirmou.
— O que nos entristece é que, aliado ao núcleo político, nós tivemos o núcleo militar também participando desse processo — acrescentou.
Tebet ainda afirmou que o fato de o ex-chefe da Casa Civil, o general Braga Netto, não ter sentado no banco da comissão não significa “que ele não possa ser indiciado pelo relator a depender das provas que existam”. O atual ministro da Defesa, Braga Netto, é considerado uma das pessoas mais influentes dentro do Ministério da Saúde.
Tebet não acredita que o crime de responsabilidade contra Bolsonaro siga em frente. Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), se fosse o caso, já teria aberto o processo de impedimento em relação a mais de uma centena de pedidos recebidos pela Mesa Diretora da Casa.
— Tal fato, no entanto, não ocorre por qualquer falta de força de argumento do relatório, mas porque não há processo de impeachment sem povo na rua, sem pressão popular. Enquanto não houver pressão popular, dentro da Câmara dos Deputados não se abre processo de impeachment contra o presidente da República — ressalta Tebet.
Denunciados
Ainda de acordo com a senadora, o que ocorre em relação à Procuradoria-Geral da República (PGR), “aí sim, nós estamos diante de uma gravidade é ímpar”.
— O procurador-geral da República é o representante do órgão máximo de fiscalização. É o órgão constitucional com maior poder de investigar, apurar, denunciar e, obviamente, ser parte em um processo judicial de crime de corrupção e de omissão na área penal contra as autoridades públicas federais. Mas eu acredito piamente que vai haver uma pressão da base sobre o PGR — presume.
O PGR, de acordo com a parlamentar sul-matogrossense, “é o ápice de uma pirâmide cuja base é composta de milhares de promotores de Justiça que, insatisfeitos, tendem a pressionar”.
— Nesse aspecto, acredito que alguma coisa possa sim ter andamento. Vamos lembrar que são inúmeros os denunciados indicados no relatório. Alguns irão para a justiça comum, outros para a Justiça Federal e alguns poucos por foro privilegiado precisam assim passar pela mão do procurador-geral da República — concluiu.
Fonte: CdB