Da água em Marte ao grafeno, conheça os gênios russos responsáveis por estas descobertas

Steve Wozniak, Mark Zuckerberg, Elon Musk…, muitos conhecem esses nomes por estarem sempre na mídia. Mas, existem grandes inventores e cientistas, que vivem praticamente no anonimato, mas que graças as suas descobertas, ajudaram a expandir a fronteira do conhecimento. Conheça algumas das mentes brilhantes que vivem entre nós e ajudam a desvendar mistérios do universo.

Grigôri Perelman: o recluso que provou a conjectura de Poincaré

Perelman
Pinterest

Imagine que você é a pessoa mais inteligente do planeta, resolveu um dos sete problemas matemáticos do Prêmio do Milênio, e a comunidade científica lhe concede um prêmio de um milhão de dólares. A maioria das pessoas ficaria feliz, mas não Grigôri Perelman: além de recusar o dinheiro, fechou-se em casa e ignorou ligações.

O matemático russo ficou famoso em 2010 depois de rejeitar o prêmio em dinheiro por sua prova da conjectura de Poincaré, que havia publicado na internet em 2002. Os cientistas levaram quase uma década para entender completamente os cálculos de Perelman porque ele havia omitido muitos detalhes, alegando serem “evidentes”.

Perelman provou a mais admirável teoria do século passado – que o nosso universo tem a forma de esfera tridimensional. Trabalhou na solução por oito anos e, durante esse tempo, seus colegas de laboratório não faziam ideia do que ele estava fazendo.

Questionado em uma entrevista rara por que ele não aceitou o dinheiro, o gênio respondeu: “Eu sei como controlar o universo. Então, por que eu iria atrás de um milhão [de dólares], diga-me?”. Perelman disse ainda que seu colega norte-americano Richard Hamilton também deveria levar crédito pela descoberta.

Konstantin Novosselov e Andre Geim, que fizeram uma descoberta inovadora com…fita adesiva

Geim e Novoselov
Andre Geim e Konstantin Novoselov. Reprodução

Em 2010, a dupla recebeu o Prêmio Nobel de Física pela descoberta do grafeno, o material mais forte e mais fino da Terra. No entanto, quase acabou na lata de lixo.

O grafeno tem apenas um átomo de espessura, e bilhões de camadas formam grafite (do tipo encontrado na ponta do lápis). Antes, ninguém acreditava ser possível separar uma simples camada de grafite, mas Novosselov e Geim contaram com a ajuda de uma fita adesiva comum. Eles usaram a fita para descascar camadas de um pedaço de grafite e então estudá-las sob um microscópio. É realmente simples – basta colocar fita adesiva em grafite e descascá-lo repetidamente.

O grafeno é atualmente usado em smartphones, carros e na indústria do esporte; até mesmo jaquetas são feitas com o material. Ele também é usado como tintura de cabelo e está sendo testado para tratamento de câncer. E isso é só o topo do iceberg.

Iúri Oganessian, o homem que expandiu o mundo material

Oganessian
Iúri Oganessian. Reprodução

Dedicar-se mais de 40 anos a uma experiência que tem todas as chances de fracasso, é um jeito muito russo de fazer as coisas. O físico Iúri Oganessian passou mais da metade de sua vida tentando expandir os limites do mundo material, sem saber se um grande fracasso ou sucesso retumbante o aguardava. Afinal, parece que tudo o que se pode ver e tocar foi descrito na Tabela Periódica de Dmitri Mendeleiev há tempos.

A razão para pensar de outra forma foi fornecida pelo Mendelevium, elemento químico sintético com o número atômico 101, que foi sintetizado nos EUA em 1955. Os físicos tinham a sensação de que poderia haver vários outros elementos. Além disso, é possível que existam elementos (muito mais pesados ​​que o urânio) que não se deterioram e podem ter uma vida de centenas de milhares e até milhões de anos. Foi assim que surgiu a teoria da ilha da estabilidade – sugerindo que existe um mundo material do qual sequer se suspeitava, e que existe de acordo com leis diferentes.

“Nós olhamos no solo e em amostras da Lua, e nos EUA foram realizadas explosões nucleares, e grandes aceleradores construídos, tudo em vão”, lembrou Oganessian.

Ele só alcançou as margens da primeira “ilha” em 2000: os elementos 114 e 116, sintetizados usando um acelerador (na Terra, esses elementos nunca foram encontrados em um ambiente natural). Em 2015, já havia seis novos elementos superpesados. Oganessian concorreu ao Prêmio Nobel mais de uma vez.

Igor Mitrofanov, o homem que encontrou água em Marte

Mitrofanov
Igor Mitrofanov. Reprodução

Ele é a única pessoa no mundo cujos instrumentos (instalados em espaçonaves) estudam sistematicamente os planetas e suas luas no Sistema Solar em busca de vida extraterrestre – por mais de uma década. Seis das invenções de Mitrofanov vasculharam o espaço, das quais a última partiu para Mercúrio no ano passado.

É a Mitrofanov que devemos a descoberta de água em Marte e na Lua. Seu instrumento equipado com um detector de nêutrons está acoplado à sonda ​​americana Curiosity, que está vagando pela superfície do Planeta Vermelho nesse exato momento. Ele também desenvolveu um instrumento que foi enviado para Júpiter.

Tudo isso é necessário somente por um motivo, segundo Mitrofanov. “É bem possível que a água que temos agora correndo de nossas torneiras tenha sido trazida à Terra por cometas do espaço interplanetário. Ao estudar a evolução de Mercúrio e de outros planetas, vamos entender melhor o passado e o futuro do nosso”, explica.

Jores Alferov, que impulsionou a humanidade a outro nível (faleceu em 1º de março de 2019)

Jores
Jores Alferov. Reprodução

Outro vencedor do Nobel de Física, Jores Alferov se envolveu na corrida a laser que começou entre a União Soviética e os Estados Unidos em 1968. Os cientistas competiram para desenvolver uma nova tecnologia – lasers semicondutores, que abrem as portas para um universo da eletrônica totalmente novo.

E Alferov conseguiu. Ele foi o primeiro a inventar a tecnologia que mais tarde possibilitou a produção de CD players, telefones celulares, baterias solares, bisturis a laser, fibra óptica (sem a qual não haveria internet) e muitas tecnologias espaciais.

Também no ano 2000, uma descoberta idêntica foi feita por cientistas dos Estados Unidos, de modo que o Prêmio Nobel acabou dividido entre três pessoas. Mas Alferov alegava em entrevistas que “começamos a produção dos componentes eletrônicos antes deles. Se não fosse a década de 1990, seríamos nós, e não os EUA, que estaríamos produzindo iPhones e iPads agora”. Alferov morreu aos 89 anos, em São Petersburg, no último dia 1º de março.

Fonte: Rússia Beyond

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