Entre as qualificações, deputado citou fato de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e o fato de ter feito intercâmbio nos EUA, onde “fritou hambúrger”
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse nesta sexta-feira (12/07) se considerar “apto” para assumir a embaixada dos Brasil em Washington, durante conversa com jornalistas na saída de uma reunião com o chanceler Ernesto Araújo – de quem disse ter apoio para ser indicado. Entre as qualificações, citou o fato de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e o fato de ter feito intercâmbio nos EUA, onde “fritou hambúrguer”.
“É difícil falar de si próprio. Eu não sou o filho de deputado que está, do nada, vindo a ser alçado a essa condição. Existe um trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo”, disse. “Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei o meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para com os brasileiros. Então acho que é um trabalho que pode ser desenvolvido. Certamente precisaria contar com a ajuda dos colegas do Itamaraty, dos diplomatas, porque vai ser um desafio grande. Mas eu acho tem tudo para dar certo”, disse.
O posto de Washington é o mais importante da diplomacia brasileira. Para ser indicado como embaixador, segundo a lei, é preciso ser ministro de primeira ou segunda classe – ou seja, ter feito o curso de formação do Instituto Rio Branco e ter subido na carreira diplomática, assumindo postos de menor relevância. Existe uma brecha, no entanto, que permite a indicação de brasileiros natos, acima de 35 anos, que tenham “reconhecido mérito” e “relevantes serviços prestados ao país”.
Nepotismo
Eduardo disse que não vê nepotismo em uma eventual nomeação para Washington. “A súmula vinculante do Supremo, que trata do nepotismo, permite a indicação política do presidente, então acredito que isso não seria óbice a uma possível nomeação”, afirmou.
Ao Estado de S.Paulo, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Melo diz ver sim um caso de nepotismo na provável nomeação. “Sob a minha ótica, não pode, é péssimo. Não sei o que os demais [ministros do Supremo] pensam. Não acredito que o presidente Bolsonaro faça isso. Será um ato falho, um tiro no pé”, afirmou.
Idade mínima
O anúncio do presidente Jair Bolsonaro, de que havia decidido indicar o filho veio um dia depois de o parlamentar completar 35 anos, idade mínima para assumir o cargo. Como motivos para indicar o filho à embaixada, o mandatário disse que Eduardo é amigo dos filhos do Donald Trump, fala inglês e espanhol, tem uma vivência muito grande do mundo. Poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente”.
O favorito para o posto era o diplomata Nestor Forster, que contava com o apoio do chanceler Ernesto Araújo e era bem visto entre os que gravitam em torno do guru ideológico e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho. O país está sem embaixador em Washington desde a remoção de Sergio Amaral, em abril.
Uma eventual ida de Eduardo para a embaixada em Washington ainda precisaria ser referendada pelo Senado, com sabatina na comissão presidida pelo senador Nelsinho Trad (MDB-MS) e da qual, como suplente, faz parte o irmão de Eduardo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), além de votação secreta em plenário.
Do Ópera Mundi