FGV diz que o Brasil tem pior década em 120 anos

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Desemprego recorde e arrocho na renda. Foto: Werther Santana/Estadão

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) projeta um crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de apenas 0,9% de 2011 a 2020, o mais baixo dos últimos 120 anos.

Segundo o estudo, noticiado pelo G1, se a previsão for confirmada, o desempenho da economia brasileira ficará abaixo do observado nos anos 80, a chamada “década perdida”, quando o PIB registrou, em média, um crescimento de 1,6% ao ano.

O estudo destaca que o biênio 2015-2016, foi o pior da história brasileira, quando a atividade econômica recuou -3,5% e -3,3%, respectivamente (-3,4% ao ano, em média). Sendo que em 2014, o resultado foi praticamente ZERO (0,5%).

Não é à toa. No governo Temer foram implementadas as medidas neoliberais, entre elas o famigerado ajuste fiscal – que nada mais é do que tirar dinheiro da produção e da sociedade para passar ao bancos – que jogaram a economia no fundo do poço, com desemprego recorde, os maiores juros do mundo, desnacionalização e desindustrialização do país.

A única vez em que o Brasil apresentou dois anos seguidos de taxa real negativa do PIB foi em 1930 e 1931 (-2,7% a.a., em média), logo após a Crise de 1929, quando ocorreu a quebra da bolsa de Nova Iorque. Logo em seguida, com as medidas nacional desenvolvimentistas implementadas por Getúlio Vargas, a economia nacional passaria a ter um crescimento vigoroso por 50 anos.

O atual governo não é apenas a continuidade da política neoliberal dos governos Dilma/Temer, com cortes nos investimentos, transferência de recursos públicos para pagar juros aos bancos, privatizações, entrega do petróleo no pré-sal aos estrangeiros, arrocho salarial, cortes de direitos, que levaram o país a maior recessão de sua história. Ele é o aprofundamento da política que jogou a economia no fundo do poço.

Nesse quadro, Bolsonaro anunciou a que veio: “Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa”. Desconstruir todo um alicerce de nação, construído na governo Getúlio, que em resposta à Crise de 29 industrializou o país, com a Petrobrás, CSN, Vale do Rio Doce, entre tantas estatais, garantindo salários dignos, ampliação do mercado interno, direitos trabalhistas e aposentadoria.

O integrante do Ibre/FGV Marcel Balassiano, responsável pelo estudo, repetiu a ladainha que “o nosso problema fiscal é enorme e precisa ser resolvido para permitir a volta de algum crescimento mais robusto”. Sua “análise” faz coro com os arautos pela extinção da Previdência Pública como solução para a crise e o fim dos “sucessivos déficits nas contas públicas”.

Especialistas e entidades nacionais dos mais diversos setores, entretanto, já demonstraram que a Previdência não é deficitária, que não existe rombo na Previdência. O que existe é a vontade do setor financeiro de meter a mão e transferir para os bancos esse tesouro que sintetiza o esforço dos trabalhadores, homens e mulheres, da cidade e do campo, de poderem usufruir uma aposentadoria digna. Todos esses especialistas concordam que só com o crescimento econômico haverá aumento de arrecadação e superação da crise fiscal.

Mas, a política neoliberal de Temer e Bolsonaro estão colocando o país no rumo da recessão e da estagnação. Eles fizeram e continuam a fazer a economia encolher. Na sexta-feira (22), o Ministério da Economia reduziu sua previsão de alta do PIB para este ano, de 2,5% para 2,2% e o boletim Focus do Banco Central de 3% para 2%.

Nos últimos dois anos, o PIB avançou apenas 1,1% e 2019 inicia com a economia patinando no fundo do poço. “A entrada de 2019 deu continuidade à recessão industrial iniciada no final do ano passado”, disse o Iedi sobre os dados da indústria divulgados pelo IBGE.

“Em janeiro último, a indústria recuou -0,8% na série com ajuste sazonal e -2,6% ante jan/18. Este foi o terceiro mês consecutivo sem recuperação industrial. Ao invés de progredirmos, estamos nitidamente regredindo nos últimos meses. Em jan/19, a produção industrial ainda está 17% abaixo do último pico histórico, atingido em mai/11.”, avalia o instituto.

Fonte Hora do Povo

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