Fora Bolsonaro, brasileiros vão às ruas embalados por pesquisa

Abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro, campanha nacional de vacinação contra a covid-19, defesa do serviço público, do Sistema Único de Saúde, restabelecimento do auxílio emergencial, medidas de proteção às empresas e aos empregos estão entre as bandeiras.

fora bozo
Carreata em Maceió | Foto: João Pedro/CUT

Milhares de manifestantes voltaram às ruas das principais cidades do país, neste domingo, para mais um dia de manifestações contra o governo neofascista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dessa vez mais animados com os dados da pesquisa DataFolha que revela a determinação de mais de 80% dos brasileiros de se livrar dos atuais governantes. Movimentos populares reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo promovem carreatas, bicicletadas e outra formas de protesto que possam evitar aglomerações e mandar recados sem desrespeitar o distanciamento.

Abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro, campanha nacional de vacinação contra a covid-19, defesa do serviço público, do Sistema Único de Saúde, restabelecimento do auxílio emergencial, medidas de proteção às empresas e aos empregos estão entre as bandeiras. Há atividades programadas em mais de 50 cidades de todas as regiões do país e ações nas redes sociais, convocadas

A pressão popular pelo impeachment de Bolsonaro, que vem aumentando nas últimas semanas, teve neste domingo o reforço da quarta edição do Stop Bolsonaro Mundial. Segundo a organização do Stop Bolsonaro Mundial, o movimento tem o objetivo de denunciar, mais uma vez, o genocídio causado pela negação e o descaso sanitário.

Impeachment

O Brasil, considerado pela Organização Mundial da Saúde o pior país do mundo no enfrentamento da pandemia no novo coronavírus, contabiliza 9,3 milhões de casos de covid-19 e 224 mil mortes. A organização reúne ativistas de diversos partidos, todos os credos e origens, feministas, antirracistas, antifascistas, ambientalistas, defensores dos direitos humanos e líderes de movimentos sociais. Também congrega torcidas de futebol no Brasil e no exterior.

Bolsonaro também carrega o fardo de ser o mandatário mais rejeitado e com maior apoio popular por seu impeachment imediato, conforme aponta a pesquisa do Instituto DataFolha com 526 pessoas que assinam ou leem o jornal de forma secundária, entre os dias 27 e 28 de janeiro. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou menos.

Análise

Entre os brasileiros ouvidos agora por pesquisadores, 80% são favoráveis a que o Congresso abra um processo de impeachment, ante 42% da população aferidos em levantamento do Instituto em 20 e 21 de janeiro, com 2.030 pessoas e margem de erro de dois pontos. São contra a medida 18% do leitorado, número que vai a 53% no país como um todo.

Entre os eleitores pesquisados, 80% desejam a renúncia do presidente, acima dos 45% na população. Não querem isso 18%, ante 51% na população. O estudo mostra também que 90% do público avaliado considera a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima, número que é de 40% na população em geral. Aprovam Bolsonaro apenas 3% dos eleitores ouvidos na análise, ante 31% dos brasileiros, enquanto 7% o acham regular (26% no total).

Em pesquisas nacionais comparáveis do passado, Dilma Rousseff (PT) tinha 80% de rejeição e só 6% de aprovação às vésperas do golpe de Estado que deu início à abertura de seu processo de impeachment, em março de 2016. Seu sucessor, Michel Temer (MDB), registrou 52% de ruim/péssimo e 13% de ótimo/bom em novembro de 2018, após a eleição de Bolsonaro.

Reforma

O raciocínio de rejeição vale para a credibilidade presidencial: 85% nunca confiam no que ele diz (41% dos brasileiros) e 92% acham que ele não tem capacidade de liderar (50% na população). A política econômica é rejeitada por 73%, e 43% consideram que o Congresso mais ajuda do que atrapalha (35%) a agenda de reformas do ministro Paulo Guedes. Para 16%, nem uma coisa, nem outra.

“Entre as ações que o governo deveria promover, os leitores privilegiam a reforma tributária, muito importante para 82%. Reforma administrativa tem 64%, teto de gastos, 58%, e privatizações só são vistas assim por 28%. A pandemia, cuja gestão pelo titular do Planalto é condenada por 48% dos brasileiros, é vista como ruim ou péssima por 93% dos leitores do jornal. Apenas 2% aprovam o trabalho de Bolsonaro, ante 26% na população”, sublinha o estudo, publicado na edição deste domingo do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).

Pazuello

Ainda segundo a FSP, “igualmente é malvisto o trabalho do Ministério da Saúde: 85% dos leitores o rejeitam (30% na população), e 5% o aprovam (35% entre os brasileiros em geral). A percepção de culpa principal do presidente pelas mais de 220 mil mortes pela Covid-19 cresce de 11% na população para 49% no leitorado. Quem acha que Bolsonaro não tem culpa alguma decresce de 47% para 7% entre leitores, enquanto fatias semelhantes (39% e 44%) acham que ele é um dos culpados, mas não o principal”.

Em comparação com o momento posterior à eleição de Bolsonaro, os eleitorado pesquisados se deslocaram para a centro-esquerda de forma mais sensível. “Em novembro de 2018, 20% se diziam nessa faixa política; agora são 43%. Houve estabilidade em quem se diz de esquerda (14% e 12% agora), centro (24% e 23%) e centro-direita (20% e 16%). Os dois turbulentos anos de Bolsonaro no poder afetaram a atratividade da direita, cuja autodeclaração pelos leitores foi de 19% a 5%”, resume.

Fonte: CdB

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