Havana, 504 anos: uma Cidade Maravilha e aberta para o mundo

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Por Valter Xéu

Em 2019, nas festividades dos 500 anos de Havana em 16 de novembro, eu, mais os jornalistas Alberto Freitas, Nestor Mendes Junior e Valci Barreto, marcamos nossa presença por 12 dias em terras cubanas, com direito a uma ida a Varadero, com Mendes Junior dirigindo um Lada, motor 1600, ano 70, a 100 quilômetros por hora.

Tudo começou quando nosso amigo Jorge, proprietário do Lada, foi parado no posto da Polícia Rodoviária instalado logo após o viaduto Puente de Bacunayagua, na estrada que liga Havana a Varadero. Jorge estava com a carteira de saúde vencida e não poderia continuar no volante.

No Brasil, o problema estaria resolvido com uma simples carteirada. Jorge é alto funcionário aposentado do Comitê Central, mas em Cuba as coisas são diferentes, e Jorge, de motorista, virou nosso guia especial em uma estrada que conhecemos muito bem.

Nestor logo se apresentou para dirigir e, ao pegar a direção, enfiou o pé, com todos nós preocupados, pois o Lada, dirigido por Jorge, o dono, não passava de 60 quilômetros por hora, e, no pé de Nestor, o carro voava a 120.

Nestor, no volante, nos fazia lembrar do piloto inglês de Fórmula 1 Nigel Mansell, que perdeu algumas corridas em que liderava folgadamente por querer testar até onde o carro aguentava, isso por mais que o box pedisse para reduzir, pois o segundo estava distante.

No nosso caso, sempre alertávamos Nestor de que Varadero estava perto e não precisava forçar tanto o velho Lada do nosso amigo, e ele, todo animado por estar dirigindo um carro fabricado na antiga União Soviética, acelerava cada vez mais.

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A chegada em Varadero até que foi tranquila, e o dia também, com a volta sem nenhum transtorno, com o Lada que aguentou bem a alta velocidade, e nós, os ocupantes do carro, com a força do pé de Nestor no acelerador.

Apesar de estarmos com um amigo cubano no Lada, na volta, nos perdemos pelas estradas da província de Matanzas, onde fica Varadero.

Depois de algumas paradas, perguntamos a alguns cubanos que encontramos no caminho qual o percurso e chegamos à conclusão de que tínhamos pegado a estrada errada e retornamos para Varadero, e, de lá, pela estrada certa.

O sumiço de Nestor

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No dia das comemorações dos 500 anos, Nestor desapareceu nas ruas de Havana Velha e, quando apareceu, no dia seguinte, foi com uma selfie feita com o rei espanhol Felipe VI, que estava em Cuba para as comemorações.

Animado com a selfie com o rei, tentou fazer uma com a linda rainha, mas foi barrado pelos seguranças.

À noite, das festividades, Nestor desapareceu novamente. Eu, Alberto e Juan Carlos, filho de Jorge Ferrera, cubano, amigo de fé dos brasileiros, Jorge, que foi conselheiro da embaixada de Cuba no Brasil, aqui fez inúmeras amizades, não só com políticos, como Lula, Zé Dirceu e tantos outros, fez amizades também com dezenas de brasileiros.

Chegando ao sítio principal da festa, localizado bem em frente ao Capitólio, e no meio daquela multidão, com as ruas estreitas lotadas de gente e carros, o nosso auto pifou, e lá ficamos eu e Alberto a empurrar, com o filho de Jorge ao volante, e nada de o Lada pegar.

Depois, verificou-se que o problema era falta de gasolina, e onde arrumar combustível àquela hora, em um dia em que tudo estava fechado e com todos voltados para os festejos dos 500 anos?

As dificuldades por que passa o povo, ao longo desses mais de 60 anos de bloqueio infame e criminoso imposto pelos EUA, levou os cubanos a serem um povo precavido, e o filho de Jorge tinha uma pequena reserva de combustível em casa, justamente para esses momentos.

Ficamos na praça, em frente ao prédio do Capitólio, e a nos encharcar de Cristal, a deliciosa cerveja cubana de sabor quase que idêntico ao da Heineken, fabricada no Brasil.

Lá pelas altas horas da madrugada, retornamos à habitação onde tínhamos nos hospedado, no aprazível bairro de Novo Vedado.

Monseigneur

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Sempre que estou em Havana, vou a esse restaurante matar a saudade dos bons momentos vividos em tempos passados. Por lá, já estive com inúmeros amigos, como Raimundo Vaccarezza, Sergio Matos, Fabiola Reis, Paco, Paula Morena, Bruno Monteiro e Maira Nery, filha do saudoso jornalista Anchieta Nery, uma socialista de quatro costados.

O Monseigneur fica localizado bem em frente ao Hotel Nacional, que, além de ser um reduto da máfia, por lá se hospedavam os grandes astros do cinema americano, como Errol Flynn, Frank Sinatra, Ava Gardner (com quem era casado), Dean Martin, Sammy Davis Junior, Rita Hayworth e tantos outros, como Nat King Cole. Nesse restaurante, tocava o lendário pianista cubano Bola de Neve, com quem Nat King Cole sempre dava uma palhinha.

O piano continua lá até hoje.

Voltando à aniversariante, hoje uma jovem senhora de 504 anos, Havana está cada dia mais bonita, com Havana Velha com seus casarões seculares quase que completamente restaurados, um trabalho que começou com o historiador Eusebio Leal (falecido em 2021).

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Hoje, Havana, que ostenta o título de patrimônio da humanidade conferido pela UNESCO, andar pela rua Obispo, sentir o verdadeiro calor do povo habanero misturado com turistas de várias partes do mundo, faz dessa rua o coração de Havana Velha.

Havana, com seus fortes, suas praças e ruas, é uma cidade em que não nos cansamos de visitar, e, quanto mais velha, mais atraente e sedutora.

Portanto, uma velha e sedutora senhora por quem eu nutro uma grande paixão.

Nela, já estive 58 vezes, e, desde 1994, quando lá estive pela primeira vez, levado pelo meu amigo jornalista Chico Vasconcelos, o Chico Olho D’água. Em 2004, estive lá por oito vezes, com problemas de coração, não cardiológicos, e sim, amor, grande amor.

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Agora, em janeiro de 2024, estarei de volta, com minha doce, querida e amada Cristina Vargas. Será a primeira viagem dela a Cuba, e espero que Havana não fique com ciúme.

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