Segundo os militares ouvidos, em condição de anonimato, Santos Cruz fala pelo setor dos quartéis que deplora as condições em que se encontra a gestão do presidente, uma vez que “há rastros visíveis de que a corrupção e os desmandos seguem seu curso, no Palácio do Planalto”, afirmou um dos oficiais, por telefone
Do Correio do Brasil – Parcela relevante dos militares brasileiros, que concorda com o ponto de vista do general Carlos Alberto dos Santos Cruz — ex-comandante da tropa, no Haiti, e ministro do atual governo até junho do ano passado — chegou ao limite com o governo do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (sem partido). Ao repercutir a declaração de Santos Cruz à mídia, neste fim de semana, a reportagem constatou que outros oficiais generais concordam com a afirmativa de que “o problema do presidente é que é cercado de bandidinhos vagabundos…”.
Segundo os militares ouvidos, em condição de anonimato, Santos Cruz fala pelo setor dos quartéis que deplora as condições em que se encontra a gestão do presidente, uma vez que “há rastros visíveis de que a corrupção e os desmandos seguem seu curso, no Palácio do Planalto”, afirmou um dos oficiais, por telefone.
Esse caso do Fabrício Queiroz (ex-assessor da família presidencial, preso por possível envolvimento na milícia armada que atua na Zona Oeste do Rio) também é uma nódoa no governo, da qual Bolsonaro não consegue se livrar. Isso tem gerado um ambiente de desconfiança quanto à seriedade do presidente, o que é extremamente grave — acrescentou.
Bobagens
Esta, no entanto, não é a primeira vez que Santos Cruz tece duras críticas ao presidente e ao núcleo do seu governo, e recebe o apoio de grande parte do generalato. Na primeira manifestação pública após sua demissão da Secretaria de Governo da Presidência da República, há um ano, Santos Cruz não poupou o ex-capitão, ora investido do cargo de comandante-em-chefe das Forças Armadas.
A atual gestão deveria parar de perder tempo com “bobagens” para focar no que é importante, disse o general.
Tem de parar de criar coisas artificiais que tiram o foco — acrescentou.
Sobre as críticas das quais foi alvo por parte do astrólogo Olavo de Carvalho, mentor da família Bolsonaro, avaliou que há um limite.
Discordâncias são normais, mas atacar as pessoas em sua intimidade, isso acaba virando uma guerra de baixarias. Tem de aproveitar essa oportunidade para tirar a fumaça da frente para o público enxergar as coisas boas, e não uma fofocagem desgraçada — criticou.
Para o militar, “não é porque você tem liberdade e mecanismos de expressão, Twitter, Facebook, que você pode dizer o que bem entende, criando situações que atrapalham o governo ou ofendem a pessoa”.(…)