“O vírus circulava antes mesmo de termos ciência sobre a sua rotina em pacientes ou em humanos, sejam assintomáticos ou sintomáticos. (…) Pode ser que em outros locais já havia antes de outubro, porque esse estudo especifica que havia a partir de 27 de novembro”
Ocorre que o primeiro caso diagnosticado de coronavírus no Brasil só ocorreu em 25 de fevereiro. Era um paciente de 61 anos que foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP).
Intitulado “SARS-CoV-2 in human sewage in Santa Catarina, Brazil, November 2019”, o novo estudo tem participação de pesquisadores da UFSC, da Universidade de Burgos, da Espanha, e da start-up Neoprospecta/BiomeHub, de Florianópolis.
Conforme a UFSC, até o momento a amostra coletada no esgoto de Florianópolis é a mais antiga do novo coronavírus nas Américas. Embora a primeira descrição do Sars-CoV-2 seja de 31 de dezembro de 2019, pesquisas semelhantes constataram que ele estava presente no esgoto de Wuhan, na China, em outubro, e na Itália, no início de dezembro.
“O vírus circulava antes mesmo de termos ciência sobre a sua rotina em pacientes ou em humanos, sejam assintomáticos ou sintomáticos. (…) Pode ser que em outros locais já havia antes de outubro, porque esse estudo especifica que havia a partir de 27 de novembro” , disse a doutora em Biotecnologia Gislaine Fongaro, do Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho.
Gislaine ressalta que em pesquisas semelhantes feitas em esgoto na China e na Itália foi constatado que o Sars-CoV2 estava em circulação antes dos primeiros registros da doença, porque o vírus demora semanas para ser expelido por quem foi contaminado.
“O esgoto já era testemunha de que o vírus estava por ali. E isso, falando na infecção viral, é um fato previsto, porque quando você está excretando o vírus, é porque ele já teve todo o trânsito no sistema respiratório, passou no sistema gastrointestinal e está sendo excretado. Então, são pessoas que já estão com 15, 20 dias de infecção”, explicou.
Um estudo semelhante apontou que novo coronavírus já estaria circulando em Milão e Turim, no norte da Itália, em dezembro, dois meses antes do registro dos primeiros casos de covid-19 no país, afirmaram autoridades de saúde italianas nesta quinta-feira (19/06). Essa é conclusão de um estudo que analisou amostras de águas residuais coletadas no último mês de 2019 nas duas cidades.
O primeiro caso de transmissão local do vírus foi detectado em meados de fevereiro na região da Lombardia, no norte do país. A Itália foi a primeira nação europeia a ser atingida pela doença surgida na China, e a primeira no mundo a impor uma quarentena nacional.
A descoberta do Instituto Nacional de Saúde reforça a tese de que o Sars-Cov-2 estava presente no país muito antes de ser detectado na população. Além disso, sugere que o vírus apareceu na Itália na mesma época em que sua existência foi reportada pela primeira vez na China.
Essas pesquisa são de extrema importância, porque visa rastrear a origem do novo coronavírus, e é bem provável que os chineses tenham razão em afirmar que a pandemia não foi originada em solo chinês.
Vale destacar que o conhecido virologista americano Robert Redfield especula que o grande número de mortes por gripe nos EUA poderia de facto ter sido causada pelo COVID-19, mas os EUA não testaram naquele momento. (Estima-se que 80 mil americanos tenham morrido de gripe e suas complicações no último Inverno.)
De modo bastante chocante, a Itália quis rastrear o primeiro caso de infecção de Covid-19 efetuando uma exumação nos EUA entre as chamadas vítimas da gripe, mas os EUA categoricamente recusaram permissão.