Da relação íntima e apaixonada às ameaças agora dirigidas à família real, Corinna Larsen parece ser a figura chave na atual tragédia que se abate sobre a monarquia espanhola
Com súbito aparecimento de Corinna Larsen, o mundo agora sabe que rei emérito Juan Carlos da Espanha, não só gostava de caçada de elefante na África, mas gostava também de desviar muita grana de seus súditos para o seu bolso e de uma bela amante, que pode infernizar a já complicada Casa Real Espanhola! Quanto ao paradeiro de Juan Carlos… Segundo fontes, ele está foragido na República Dominicana.
Ainda há quem defenda a restauração da monarquia no Brasil, um regime anacrônico e oneroso para o bolso do cidadão, que obrigado a sustentar os luxos da família real.
A amante real
Aos 55 anos, a alemã Corinna Larsen (ex-princesa Corinna zu Sayn Wittgenstein) assume um dos papéis principais no escândalo que está a abalar os alicerces da monarquia espanhola. Durante as últimas duas décadas, foi o rosto da vida dupla mantida por Juan Carlos, o homem que reinou em Espanha durante quase 40 anos e que, em 2014, cedeu o lugar ao filho, assumindo o posto de rei emérito.
Da relação íntima e apaixonada às ameaças agora dirigidas à família real, Corinna Larsen parece ser a figura chave na atual tragédia que se abate sobre a monarquia espanhola
As chantagens que pode atingir o coração da Casa Real Espanhola
O novelo de complicações que envolvem D. Juan Carlos de Espanha e a sua antiga amante Corinna Larsen ainda continua a desenrolar. Depois dos vários escândalos que têm vindo a público, novas informações obtidas pelo El Mundo mostram que a empresária alemã está a ameaçar revelar informações sensíveis e secretas que afetariam “o coração da Casa Real”, isto depois do Palácio de Zarzuela ter recusado iniciar negociações com Larsen de modo a resolver, pelo menos em parte, os densos problemas judiciais que a envolvem a ela e à realeza.
Segundo o jornal espanhol, Corinna enviou uma carta ao chef de gabinete da Casa Real, Jaime Alfonsín, a 23 de abril de 2019, como forma de responder ao ultimato feito pelo braço direito de Felipe VI, enviado a 21 de março, onde este recusava envolver-se nas questões legais que envolvem a alemã e Juan Carlos — o caso da Fundação Lucum, instituição onde o rei emérito depositou quase 65 milhões em dinheiro desviado de negócios com a Arábia Saudita. Essa mesma carta remetida por Afonsín garantia que Felipe nada tinha a ver com esses problemas.
“A nossa cliente está profundamente preocupada com a posição adotada na carta de 21 de março”, começa por escrever o escritório de advocacia londrino Kobre & Kim, representantes da antiga amante do rei emérito. “A vossa recusa em iniciar negociações de boa fé, em nomear um representante para abrir um canal de comunicação ou iniciar qualquer outro tipo de conversa com ela [Corinna], é um erro”, alertaram. Sobre a recusa por parte de Felipe VI, Alfonsín explica a decisão de não incitar qualquer tipo de negociações: “nem Sua Majestade o Rei nem esta Casa têm conhecimento, participação ou responsabilidade de qualquer natureza nos supostos eventos em questão, daí não haver qualquer justificativa legal para o envolvimento”.
“Parece que eles não entenderam a seriedade das questões abordadas e do seu possível impacto na Casa Real”, lê-se numa resposta de Corinna a essa tomada de posição da Casa Real. A situação ganha contornos ainda mais graves porque a alegada ex-amante diz que antes desta pressão junto de Felipe VI, ela e Juan Carlos reuniram-se secretamente em Londres, ambos os lados munidos de seus advogados, para discutir pormenores da situação — foi nesse momento que o rei emérito, diz Corinne, exigiu que o seu filho e atual rei estivesse pessoalmente envolvido na solução dos seus problemas legais. Ao que parece, Juan Carlos alegou que ele e os seus representantes não teriam autoridade suficiente para negociar um acordo com Corinna e foi por isso que o monarca sugeriu o envolvimento de “alguém com autoridade e autoridade suficientes para representar a atual Casa Real” — o seu filho, Felipe.
Esta posição de impasse parece estar a frustrar a empresária alemã que deixou claro, nesses documentos consultados pelo El Mundo, que em questão estão assuntos que “não afetam apenas” D. Juan Carlos, mas apontam diretamente “para o coração da Casa Real, as suas finanças e as íntimas ligações ao Centro Nacional de Inteligência [CNI, os serviços secretos espanhóis]”. Larsen não parece querer abrandar nas ameaças, tanto que já revelou estar pronta para colaborar totalmente com a Justiça suíça (dando a crer que poderia envolver a realeza espanhola em ainda mais problemas legais), país onde está a ser investigada por crimes de branqueamento de capitais.
É precisamente em terras helvéticas que pode estar a ligação à atual Casa Real espanhol, já que a Fundação Lucum, instituição onde Juan Carlos depositou quase 65 milhões em dinheiro desviado de negócios com a Arábia Saudita, tem como beneficiários Felipe VI e a Infanta Leonor.
Corinna vai ainda mais longe, acrescentando estar disposta a “colaborar com o Ministério Público [espanhol e suíço] em qualquer investigação sobre outras estruturas financeiras [offshore] relacionadas à Família Real Espanhola”. A ex-amante diz que nada tem a temer com a verdade e está disposta a ser minuciosamente investigada para o comprovar. No final de todas estas ameaças, porém, mantém anda aberta a porta para uma negociação com a realeza. Contudo: “É a última vez que a nossa cliente está disposta a fazer esta oferta”, afirmaram os advogados da alemã.