Por Aquiles Lins, para o Jornalistas pela Democracia –A execução brutal do músico negro Evaldo Rosa dos Santos por militares do Exército no Rio de Janeiro não recebeu nenhuma manifestação até às 9h30 desta terça-feira, 9, mais de 30 horas após o ocorrido, por parte das principais autoridades do governo federal.
No Twitter do presidente Jair Bolsonaro, que apressou-se em comemorar ação da Rota que matou 11 pessoas em São Paulo, e do vice-presidente Hamilton Mourão não havia qualquer menção a este crime hediondo. Mourão, lembremos, antes do verniz do media training, foi didático ao dizer durante a campanha que os militares são “profissionais da violência”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, até o momento também não se manifestou sobre os 80 disparos de fuzis, feitos de trás para frente, contra o carro em que Evaldo estava com a família, a caminho de um chá de bebê. 80 tiros de fuzis! É mais do que a polícia da Alemanha disparou em um ano inteiro. Em 2017, foram 75 disparos de arma de fogo, com 14 mortes.
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Ao Globo, o governador Wilson Witzel, que defende uso de snipers contra suspeitos e pede para “mirar na cabecinha”, esquivou-se dizendo que não lhe “cabe fazer juízo de valor e muito menos tecer qualquer crítica a respeito dos fatos”.
Quando autoridades públicas deste porte não condenam um assassinato brutal como este, significa dizer que concordam com ele. O ministro Moro inclusive apresentou um projeto de lei que isenta policiais de punição em circunstâncias semelhantes. Bolsonaro então, nem se fala, sua biografia é enlameada por ataques à vida humana.
É óbvio ululante que uma ação de execução sumária desta magnitude, contra um homem negro que levava a família a um chá de bebê, está amparada no discurso de apologia às armas, de defesa do assassinato, de desprezo pela vida.
Aliás, já não há apreço pela vida no estado brasileiro há muito tempo.