Vaza Jato – Diálogos vazados mostram intimidade entre Dallagnol, Moro e Barroso

As conversas vazadas à agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, entre o procurador Deltan Dallagnol, o ex-juiz Sérgio Moro e o ministro do STF Luís Roberto Barroso ocorrem em um nível de intimidade incompatível com o decoro de uma Corte Federal de Justiça.

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O procurador Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro nutriam um nível de intimidade que lhes permitia fazer brincadeiras com ministro da Corte Suprema

Em novos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, divulgados pela agência norte-americana de notícias Intercept Brasil,o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso aparece interagindo com a força-tarefa da Operação Lava Jato. As conversas ocorrem em um nível de intimidade incompatível com o decoro de uma Corte Federal de Justiça.

Em 3 de agosto de 2016, o Dallagnol recebe uma mensagem do ex-juiz (transcrição conforme o original):

06:39:57 Moro – Está confirmado o jantar no Barroso?
10:04:51 Deltan – Ele acabou de confirmar. Estou adiantando meu voo porque terça estarei na comissão especial. Boa reunião amanhã c eles!!
12:29:19 Moro – Obrigado. Preciso do endereço e horário do jantar

13:48:37 Deltan – Não tenho ainda tb… passo assim que ele indicar…
13:48:54 Deltan – Lembrando que ele é carioca… talvez tenha convidado e não passe o endereço mesmo kkkk
16:38:29 Moro –  Boa

Endereço

O diálogo, segundo a Intercept, é retomada à noite e, neste momento, misturam-se o jantar na casa de Barroso e uma entrevista que Deltan concedeu ao apresentador Jô Soares. Segue o original:

20:08:40 Deltan – Copiei Vc de modo oculto em email em que envio endereço, repassando o convite.

20:49:17 Deltan – informo que a arte do convite da Palestra – Democracia, corrupção e justiça: diálogos para um país melhor, que ocorrerá no dia 10 de agosto, já está pronta, conforme link que segue abaixo. Ademais, indico que na segunda-feira estarei em contato para informar sobre o roteiro de atividades (refeições, aeroporto, translado). https://www.uniceub.br/media/891615/moro_convite.pdf

22:26:27 Moro – Como foi no Jô?
22:29:11 Moro – Não recebi o email com endereço
22:43:39 Deltan – Ele quer que Vc vá, e seria bacana Vc ir… só não sei o timing rs. Da vez anterior que fui, eu fui mais no conteúdo. Nessa vez, tentei mesclar conteúdo com entretenimento e acho que o resultado foi bacana….

22:45:14 Deltan – Vou checar por que não foi e reenvio

22:51:41 Deltan – Pra mim dá como enviado… deve chegar amanhã, mas adianto por aqui.

Retorno

Já em 3 de agosto de 2016, Dallagnol repassa a Moro mensagem que recebeu do próprio ministro Luis Roberto Barroso:

“Caros Deltan, Moro, Oscar, Caio Mário e Susan: Tereza e eu teremos o imenso prazer em recebê-los para um pequeno coquetel/jantar em nossa casa, no dia 9 de agosto próximo, 3ª feira, às 20:30, em honra dos participantes do evento “,Democracua (sic), Corrupção e Justiça: Diálogos para um País Melhor”.

E acrescenta: “Será uma reunião em traje casual, com a presença limitada aos organizadores do evento, o que inclui membros da minha assessoria e poucos dirigentes do UniCEUB. Com máxima discrição. Na medida do possível, desejamos manter como um evento reservado e privado”.

“Estamos muito felizes de tê-los aqui. Nosso endereço é (TRECHO OMITIDO). Nosso telefone é (TRECHO OMITIDO). Deltan tem meu telefone e pode ligar em qualquer necessidade. Abraços a todos. Luís Roberto Barroso.”

Recepção

O nível de intimidade entre as partes, porém, não representa um problema para a Procuradoria Geral da República (PGR). Na noite passada, a procuradora-geral, Raquel Dodge, garantiu apoio aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato e reiterou as medidas tomadas contra invasões de celulares de membros do Ministério Público Federal (MPF), em reunião na sede da Procuradoria-Geral da República.

Dodge recebeu oito integrantes da Lava Jato do Paraná, inclusive o coordenador da força-tarefa, Dallagnol, um dos integrantes do MPF que, supostamente, tiveram celulares invadidos. Diz ele que esta foi a origem ao vazamento de supostos mensagens que incluem alegadas conversas de procuradores com o então juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça. Greenwald não confirma esta informação

“O apoio institucional, financeiro e de pessoal ao combate à corrupção e ao crime organizado, para que a Força-Tarefa Lava Jato cumpra com integridade seus objetivos, continuará, permitindo que o patrimônio público seja preservado e que a honestidade dos administradores prevaleça”, disse Dodge, de acordo com nota no site da PGR.

Do CdB

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