A guerra da informação e a criação do vídeo de Bucha

bucha
Fото: REUTERS/Aleksandr Ratushniak

Por Mark Kim

Kiev acusa os militares russos de um crime hediondo contra a população civil de Bucha (região de Kiev). Porém, as Forças Armadas russas deixaram este assentamento em 30 de março e, somente quatro dias depois, o lado ucraniano de repente divulgou uma mensagem sobre as “atrocidades dos invasores”, além de conteúdo de vídeo e foto com ruas repletas de cadáveres.

Imediatamente, jornais ocidentais, sites de notícias e canais de TV foram rápidos em acusar a Rússia de extermínio em massa de civis nos subúrbios de Kiev. O motivo de tais acusações foram as imagens distribuídas pelo lado ucraniano com os corpos de homens assassinados em trajes civis. Na gravação, uma das estradas em Bucha estava literalmente cheia de cadáveres. Alguns dos mortos nas fotos têm as mãos amarradas nas costas. Simultaneamente, em 3 de abril, a Reuters, o The Wall Street Journal, o Serviço Russo da BBC e outras publicações publicaram uma versão sobre os assassinatos de ucranianos comuns por russos na cidade. Após um ataque maciço da mídia, políticos europeus, incluindo chefes de Estado, acusaram os militares russos de assassinatos extrajudiciais. Além disso, os pedidos para aumentar a pressão sobre a Rússia começaram algumas horas após o aparecimento das primeiras imagens chocantes. Sem qualquer investigação, identificação dos mortos e outros exames, o presidente francês Emmanuel Macron voltou-se para ameaças de sanções.

Apesar de toda histeria, o Pentágono foi muito mais cauteloso sobre os acontecimentos nos subúrbios de Kiev. O comunicado apareceu apenas na noite de 4 de abril, depois que a Internet foi inundada de perguntas incômodas aos distribuidores de vídeos e fotos.

“Não podemos confirmar de forma independente os relatos de atrocidades em Bucha… Não podemos confirmar isso de forma independente”, disse uma fonte sênior à Reuters.

No entanto, em 4 de abril, a Rússia foi privada da oportunidade de apresentar seus argumentos na arena internacional – a Grã-Bretanha não concordou com a convocação do Conselho de Segurança da ONU sobre os acontecimentos de Bucha, solicitada pela Rússia.

Por outro lado o Ministério da Defesa russo divulgou a seguinte nota:

“Gostaríamos de notar especialmente que todas as unidades russas deixaram completamente Bucha em 30 de março, um dia após a rodada de conversas cara a cara entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia ”.

E mais, o Ministério da Defesa enfatizou que durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das Forças Armadas Russas, nenhum morador local sofreu ações violentas.

O vice-ministro da Informação da República Popular de Donetsk, Daniil Bezsonov,  chamou a atenção para o fato de que os rostos dos mortos não foram mostrados no vídeo. Os diretores de produção também negligenciaram os detalhes que são óbvios para qualquer especialista forense e médico.

“Todas as fotografias e vídeos publicados pelo regime de Kiev, supostamente mostrando algum tipo de “crime” de militares russos na cidade de Bucha, região de Kiev, são provocação. De particular preocupação é o fato de que todos os corpos de pessoas cujas imagens foram publicadas pelo regime de Kiev, após pelo menos quatro dias, não ficaram rígidos, não têm manchas cadavéricas características e sangue nas feridas ”, disse o comunicado do Ministério da Defesa russo.

Há sérias razões para duvidar desde o início dessas filmagens, apenas os políticos ocidentais e a mídia mundial os ignoraram abertamente. A filmagem de “atrocidades russas” está longe de ser o primeiro vídeo pró-ucraniano de Bucha. As informações e declarações oficiais de Kiev contradizem diretamente com os dados da pesquisa operacional das forças especiais da Guarda Nacional da Ucrânia, que foi a primeira a entrar em Bucha. Os combatentes nas estradas da cidade não encontraram nenhum cadáver, com exceção de um corpo na saída de Gostomel. Os moradores da cidade também não relataram à Guarda Nacional sobre qualquer tipo de massacres ou execuções.

Em 31 de março, o prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, anunciou que não havia militares russos na cidade. Não houve menção de qualquer cidadão baleado com as mãos amarradas na estrada em sua mensagem de vídeo.

Outro detalhe que vale a pena explicar que as braçadeiras azuis são usadas por membros da defesa territorial e formações armadas da Ucrânia. As tropas russas, as forças DPR e LPR usam braçadeiras brancas. Braçadeiras brancas também foram usadas por civis em assentamentos controlados pelo exército russo.

“Os cadáveres supostamente arrumados ao longo de toda a estrada a uma distância igual um do outro. Especialmente encenado. Esta é uma encenação medíocre de pessoas que estão tentando mostrar as “atrocidades do exército russo”

Com relação ao vídeo do suposto massacre mostrarei um erro crasso que passou desapercebido pelos seus idealizadores,  foi o reflexo no retrovisor do carro da equipe de filmagem – mostra claramente como o corpo de uma das vítimas fica sentado. Observe que no instante de 18 segundos o carro de filmagem passa pela “vítima” que está caída, no instante de 20 segundos “milagrosamente” o morto pode ser visto sentado pelo retrovisor do carro.

Outro exemplo de “milagre”, enquanto o carro da equipe de filmagem passava um morto levanta a mão.

Erros grosseiros fazem corar os mais empedernidos apoiadores da Ucrânia, porém não é assim que pensam os atlanteanos, qualquer fake basta para agitar a russofobia dominante. Enquanto escrevo estas linhas centenas de diplomatas russos são expulsos do países da União Europeia.

Com o desenrolar dos acontecimentos, a conclusão que se chega, é que a Rússia pode estar ganhando no front libertando várias áreas, mas é a Ucrânia que está ganhando em termos de propaganda, e a maior vítima de todas é a verdade.

 

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