Como solução para o caos que se instalou em Manaus, o Ministério da Saúde tem pressionado a prefeitura a distribuir aos pacientes nos hospitais municipais remédios ineficazes contra a doença, como a hidroxicloroquina (medicamento contra a malária) e a ivermectina (geralmente usado contra piolho e sarna).
Na terça-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro atribuiu o aumento nas mortes em Manaus à falta de adesão ao que ele chama de “tratamento precoce” contra a covid-19. Não existe tratamento do tipo comprovadamente eficaz contra a doença, e a explicação do presidente sobre o quadro na cidade não se sustenta em evidências.
“Olha o que estava acontecendo em Manaus agora (…). Mandamos ontem [segunda-feira, 11], o nosso ministro da Saúde para lá. Estava um caos. Não faziam tratamento precoce. Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes, pessoal, por asfixia, porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou [sic] acabar oxigênio. É morrendo asfixiado”, afirmou o presidente, a apoiadores.
Durante transmissão pela internet feita por Bolsonaro na quinta-feira (14), com a participação de Pazuello, o ministro disse que a responsabilidade pela ação durante a crise sanitária em Manaus continua sendo do prefeito e do governador do estado. “Mas nós estamos apoiando em todos os aspectos”, afirmou. Na live, eles voltaram a defender o “tratamento precoce” contra a covid-19.
Pazuello lançou durante sua visita a Manaus um aplicativo de uso exclusivo de médicos para incentivar a prescrição de medicamentos sem eficácia contra a covid-19.
O Ministério Público decidiu investigar a recomendação para o “tratamento precoce” feita pelo governo federal. Ao canal CNN Brasil, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado disse que a estratégia poderia representar desperdício de dinheiro público já que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não considera os remédios eficazes.
Fonte: Nexojornal