Alemanha vai fechar suas últimas centrais nucleares em 2022

Energia nuclear era apresentada como energia do futuro e sempre contou com um lobby poderoso a seu serviço, com muitos jurando ser a “energia limpa e segura” de que o mundo precisava

energia atômica
Movimentos ecologistas sempre se opuseram à energia nuclear, levantando questões sobre a segurança e possibilidade de acidentes e sobre as quantidades inimagináveis de tempo que os detritos radioativos duram

Esquerda.net  – Com o fim de 2021, encerram três das últimas seis centrais nucleares da Alemanha. As centrais de Brokdorf, Gröhnde e Gundremmingen fecham ao final de cerca de 35 anos e muitas lutas sociais. No final de 2022, fecharão as restantes três, as de Neckarshaim 2, Isar 2 e Gundremingen C. Se estes encerramentos previstos se concretizarem, terminará com elas uma era.

A energia nuclear foi apresentada como energia do futuro e sempre contou com um lobby poderoso ao seu serviço, com muitos a jurarem ser a “energia limpa e segura” de que o mundo precisava.

Os movimentos ecologistas sempre se lhe opuseram levantando questões sobre a segurança e possibilidade de acidentes, sobre as quantidades inimagináveis de tempo que os detritos radioativos duram, sobre os efeitos nefastos da mineração dos materiais necessários como o urânio, a sua relação com as armas nucleares entre outras.

E se o acidente de Chernobil em 1986 ainda pôde ser apresentado por alguns como apenas um problema da decadência da tecnologia.

De posição ultra-minoritária na sociedade, a posição anti-nuclear foi-se tornando um consenso a que agora apenas a extrema-direita escapa. Na Alemanha, o SPD, Partido Social Democrata, mudou de posição por alturas de Chernobil. Mas quando Gerhard Schröder chegou ao governo, em 1998, e se coligou com Verdes, partido com forte influência do movimento contra a energia nuclear, o fim do nuclear foi pensado como tão progressivo que se manteve até aos dias de hoje. Procurava-se, alegava-se então, o acordo com as grandes empresas que detém estas instalações.

Em 2001, estas acabam por concordar com a desativação depois de 32 anos de laboração. Mas com Merkel no poder e com a sua CDU e os liberais do FDP a apoiar, o encerramento foi adiado durante anos. Fukushima foi o abalo decisivo e depois disso Merkel recuou e começaram então a ser desligados reatores, 30 entre centrais nucleares, protótipos e reatores experimentais chegaram ao fim nos últimos anos.

Contudo, 2022 marcará apenas o fim das centrais nucleares e não do nuclear, sublinham os ambientalistas. Arne Fellermann, do grupo ambientalista Bund, realça que “ainda haverá fábricas de enriquecimento de urânio na Alemanha como a de Gronau” e “um reator de investigação em Garching que ainda funciona com urânio suficientemente puro que pode fabricar armas nucleares”.

Para além disso, os trabalhos de desmantelamento das instalações durarão por anos. Em Gundremmingen, por exemplo, as operações vão-se arrastar até pelo 2040.

a soviética, o acidente de Fukushima, em 2011, na sequência de um terremoto e de um tsunami, fez derrocar de vez o discurso sobre a absoluta segurança destas instalações.

Related Posts
Geórgia no caminho da paz no Cáucaso – mas ainda há muito a ser feito
fotos

Tbilisi está começando a entender que a única maneira de manter a paz regional é por meio de uma política [...]

O caso da embaixada da Argentina na Venezuela
fotos

A atuação dos EUA na América do Sul, seja de forma direta ou indireta, está provocando uma grave fragmentação política [...]

Venezuela, as armas do golpe
fotos

As autoridades venezuelanas apresentaram os passaportes de 6 estrangeiros, incluindo cidadãos norte-americanos, que planeavam um golpe de Estado na Venezuela, [...]

Quais são as principais diferenças entre os “Trumpistas” e os Democratas
política americana

O mainstream da política externa dos EUA vê o ex-presidente Donald Trump como um perigoso neo-isolacionista. Os globalistas nacionais e [...]

O futuro da Europa sem os EUA: Washington dá prioridade à Ásia – Bloomberg
fotos

Os EUA começam a mudar as suas prioridades geopolíticas e o futuro da Europa sem o seu apoio está a [...]

Primeiro-ministro eslovaco: “Tropas nazis” estão a combater na Ucrânia, mas a comunidade internacional finge que não vê.
fotos

O mundo está cheio de mentiras, uma vez que, por um lado, a comunidade internacional fala de crimes e, por [...]

Compartilhar:
FacebookGmailWhatsAppBluesky

Deixe um comentário

error: Content is protected !!