Bolsonaro já admite derrota em Plenário da PEC do voto impresso

A ‘pressa’ em pautar o tema na Casa atende à maioria da Câmara, que visa encerrar, de uma vez por todas, o debate sobre a pauta, que atualmente é a principal bandeira de Jair Bolsonaro. A intenção é tirar a pauta de cena para focar em ‘projetos mais importantes’.

voto
Reprodução

Embora os parlamentares da base aliada ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exerçam toda a pressão possível para evitar que a matéria siga para o Plenário da Câmara, o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), pretende cumprir o que prometeu, na sexta-feira, e levar ao escrutínio dos parlamentares a proposta de inclusão do voto impresso.

A ‘pressa’ em pautar o tema na Casa atende à maioria da Câmara, que visa encerrar, de uma vez por todas, o debate sobre a pauta, que atualmente é a principal bandeira de Jair Bolsonaro. A intenção é tirar a pauta de cena para focar em ‘projetos mais importantes’.

Levar a votação ao Plenário foi uma manobra de Lira, como última cartada em apoio a Bolsonaro, uma vez que a proposta foi rejeitada pela comissão que avaliava o tema. A iniciativa, no entanto, não tende a render grandes frutos ao presidente.

Mandatário

Deputados da oposição, no entanto, avaliam como ‘quase certa’ a derrota do projeto no plenário. A avaliação política dos parlamentares consultados por diferentes meios de comunicação é a de que, caso a PEC seja derrotada, aumentará o isolamento do presidente Jair Bolsonaro.

Além da oposição, presidentes de partidos também seguem a mesma linha e compreendem que o projeto de Bolsonaro tem tudo para ser derrotado nesta semana. Para os dirigentes, a rejeição pode ser ainda maior do que a registrada na comissão especial que avaliou a PEC.

Diante dos fatos, o próprio mandatário já admitiu, nesta manhã, que a proposta de adoção do voto impresso será “chumbada” na votação em Plenário. Na quinta-feira, a proposta em causa foi derrubada pelos deputados da comissão especial. 

Proposta

Junto aos seus seguidores, o presidente voltou a agredir o Judiciário ao afirmar que existiria um acordo entre o Parlamento e o ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Tivemos um acordo antes, vai ser derrotada a proposta do voto impresso no Plenário — disse Bolsonaro em entrevista à Brado Rádio, sem entrar em detalhes sobre a natureza do acordo, citado pela agência inglesa de notícias Reuters.

Segundo o mandatário brasileiro, o ministro Barroso “apavorou parlamentares” da oposição sobre o voto impresso, uma vez que vários teriam questões relativas à Justiça Eleitoral. De qualquer jeito, a PEC do voto impresso será votada nesta semana pelo plenário da Câmara, por decisão do presidente da Casa, Arthur Lira.

Lira disse que a decisão tem como objetivo pacificar as eleições de 2022, depois que o tema se tornou motivo de enorme tensão entre Bolsonaro, que defende essa proposta, e a cúpula do TSE, que defende o sistema atual. Bolsonaro defendeu ainda a contagem manual dos votos assim que forem fechadas as seções eleitorais, proposta acrescentada no substitutivo da PEC, conta o portal.

Fake news

Quanto mais fala, no entanto, maior é o envolvimento de Bolsonaro nos processos que tramitam contra ele na Corte Suprema. Na última sexta-feira, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a lisura das eleições, sem apresentar provas de fraudes. Um dia antes, o presidente disse que os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes querem tirá-lo do Planalto na “canetada” e torná-lo inelegível.

As instituições, no entanto, não deverão mais responder ao presidente por meio de notas ou pedidos de apuração, mas utilizando as falas como um subsídio a mais para as investigações abertas contra ele na semana passada, conforme deixou claro o presidente do STF, ministro Luiz Fux, em pronunciamento na última quinta-feira.

Responsável por acolher o pedido do TSE para incluir Bolsonaro no inquérito das fake news (notícias falsas), o ministro Alexandre de Moraes também disse, na quinta-feira, que o STF continuará julgando de maneira independente.

“Ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o Supremo de exercer, com respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa e manutenção da Democracia e do Estado de Direito”, resumiu o ministro.

Fonte: CdB

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