O Ministério da Saúde informou que campanha teve perda de 7,45% de doses, acima dos 5% previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19.
Segundo o documento, a pasta adotou, inicialmente, tanto para a CoronaVac como para a Oxford/AstraZeneca, a “estratégia de esquema de vacinação com perda operacional de 5% (com revisão continuada em tempo real)”.
O ministério não informou a quantidade de doses perdidas, mas, se levarmos em consideração o total de doses aplicadas, segundo painel disponibilizado pelo governo, esse número é de 1.160.030 (quantidade suficiente para vacinar toda a população de Florianópolis e mais a de Cuiabá).
Até a tarde de quarta-feira (24), o sistema do Ministério da Saúde indicava que 11.745.220 pessoas tinham tomado pelo menos a primeira dose da vacina, enquanto 3.721.856 brasileiros receberam as duas doses. O total de doses aplicadas somava 15.467.076.
Desde o início oficial da campanha de imunização no Brasil, em 18 de janeiro, surgiram notícias isoladas sobre doses perdidas. A maioria ocorreu por problemas de armazenamento dos imunizantes.
Índice pode ser diferente
A CoronaVac e a Oxford/AstraZeneca precisam ser mantidas em uma temperatura entre 2ºC a 8ºC. Em Vila Velha (ES), por exemplo, 547 doses foram perdidas devido a uma falha no sistema de refrigeração de uma unidade de saúde do município.
O índice de 7,45% de perdas, no entanto, pode não corresponder à realidade nacional. A rastreabilidade das doses é feita por um mecanismo chamado SI-PNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações), criado em 2012, mas que, segundo a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues, nunca conseguiu ser totalmente implementado.
Há dois tipos de perdas operacionais de vacinas. A técnica ocorre quando um frasco com doses é aberto para aplicação em um indivíduo, mas, ao final de determinado período, nem todas as doses foram aplicadas e expira a validade da vacina, que precisa ser descartada. O prazo para uso da CoronaVac é de oito horas, e da Oxford/AstraZeneca, de seis.
No início da campanha da imunização contra o coronavírus no Brasil, que obedece à escalonamento por grupos etários, surgiram denúncias de perdas técnicas em algumas unidades. Sob pressão, Secretarias e Ministério da Saúde reforçaram que, ao final do expediente do dia da vacinação, doses ainda disponíveis em frascos abertos deveriam ser usadas em pessoas de outros grupos, com prioridade de idade.
O outro tipo de perda é a física, que ocorre por motivos como quebra do frasco, falta de energia, procedimento inadequado, falha de transporte, problemas de armazenamento, entre outros.
Perdas subestimadas?
Em campanhas de vacinação mais passivas, com fluxo menor de pessoas, as perdas técnicas são maiores e até mesmo consideradas normais. No caso da febre amarela e da tríplice viral, por exemplo, as perdas podem chegar a 50%. Na BCG, esse número pode atingir 70%.
No caso da COVID-19, com uma alta procura pela vacina, essa perda tende a ser bem menor. Mesmo assim, especialistas consideram a previsão de inutilização de 5% bastante audaciosa.
Uma medida apontada para diminuir possíveis descartes de doses seria fazer um esquema de pré-cadastramento da população, como ocorre nos Estados Unidos. Também é importante fazer uma campanha forte de incentivo à imunização e disponibilizar locais para vacinação em massa, como ginásios. (…)
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