Entenda por que o acordo entre a russa MTS e a Huawei assustou os EUA

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© Notícias RIA / Sergey Guneev 

Washington vê a Huawei como uma ameaça à segurança nacional, e o acordo da gigante chinesa das telecomunicações com a russa MTS sobre o desenvolvimento da tecnologia 5G preocupou seriamente os especialistas norte-americanos.

“A Huawei permitirá que a Rússia ultrapasse a América”, adverte a CNN, que  os EUA enfrentará problemas com a cooperação das duas empresas.

Novas perspectivas

Na semana passada, na véspera do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, a Huawei e uma das maiores operadoras de telefonia celular russas, a MTS, assinaram um acordo sobre o desenvolvimento da tecnologia 5G na Rússia. A cerimônia foi realizada no Kremlin com a participação dos chefes de Estado Vladimir Putin e Xi Jinping.

A empresa russa anunciou que planeja investir nas redes de comunicação de quinta geração mais de 20 bilhões de rublos em cinco anos. A MTS e o governo de Moscou assinaram um acordo sobre a introdução do 5G na capital, prevendo testes dessa tecnologia na Exposição de Conquistas Econômicas nos próximos meses. O lançamento de redes comerciais está previsto para 2022.

Especialistas afirmam: o acordo entre a Huawei e a MTS é evidência de alta confiança mútua entre Pequim e Moscou. Enquanto os analistas se perguntam como a China agradecerá à Rússia pelo acesso ao mercado, o próprio fato da cooperação entre os dois países no desenvolvimento da tecnologia 5G causou pânico no Ocidente.

“Os EUA estão tentando convencer os Aliados de que a Huawei é uma ameaça séria à segurança, e a Rússia confiou aos chineses o desenvolvimento da tecnologia sem fio da próxima geração”, afirmou o New York Times.

Washington proibiu empresas americanas de usar equipamentos da Huawei, acusando a empresa de espionagem técnica e coleta de dados secretos em diferentes países do mundo. Esta foi uma das principais razões para o agravamento entre EUA e China e a quebra das negociações sobre um novo acordo comercial entre os dois países.

Sob pressão da Casa Branca, as principais empresas de TI americanas, incluindo Google, Microsoft, Intel e ARM, a Qualcomm, a Broadcom, se recusaram a fornecer software, tecnologia e equipamentos para a gigante de telecomunicações chinesa. Eles estão tentando “esmagar” a empresa do mercado europeu de telecomunicações. Em particular, em março, Washington ameaçou a Grã-Bretanha e a Alemanha irá reduzir o compartilhamento de inteligência se permitissem que os chineses introduzissem sistemas de comunicação móvel de quinta geração.

Por que essa batalha nas telecomunicações?

A Huawei ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de fabricantes de smartphones, perdendo apenas para a sul-coreana Samsung e a americana Apple. E o governo dos EUA tem reconhecido repetidamente: a empresa chinesa é “uma ameaça à nossa liderança na corrida pela criação de tecnologias móveis do futuro”.

Como observado pela CNN, o acordo entre a Rússia e a China reforça esses temores: isso permitirá que ambos os países avancem com as tecnologias da Internet.

“Com a proibição da Huawei o país se arrisca atrasar a introdução de redes 5G e, portanto, os EUA enfrenta um atraso em relação à China. Até Agora a Rússia, que normalmente não pertence aos líderes no campo de alta tecnologia, pode avançar”, adverte a CNN.

Em fevereiro, James John, ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos para o presidente dos Estados Unidos, disse que o país está atrasado em relação aos chineses nas redes celulares de quinta geração. E a liderança é fundamental aqui: a Internet móvel ultrarrápida 5G revolucionará a economia digital.

Divisão de Internet

Nos EUA, eles também têm medo de outra ameaça representada pela cooperação da Huawei com a MTS: o surgimento de uma cortina de ferro na Internet. Trata-se de dividir a rede global em várias redes nacionais.

“Liderados pela China, mais e mais países estão se rebelando contra o princípio da Internet aberta, os governos estão estritamente protegendo as fronteiras de suas próprias redes de Internet, forçando concorrentes estrangeiros a armazenar dados localmente e fornecer acesso a agências de segurança interna”, indica a CNN.

O ex-CEO do Google, Eric Schmidt, disse em relação a “Guerra Tecnológica” entre os EUA e a China, que o resultado será “a Internet sob a liderança da China e da internet não chinesa – liderada pelos EUA”.

Por muito tempo, essa tendência se desenvolveu graças a Pequim, que voluntariamente exportou tecnologia e conhecimento para ajudar os parceiros a construir suas próprias redes de Internet controladas rigidamente. Mas, como especifica a CNN, Washington, conduzindo uma campanha agressiva contra a China, Irã e Rússia, reforçou significativamente a tendência da divisão da Internet. E agora a perspectiva da formação de vários padrões e regras nacionais para a regulamentação das redes de computadores parece cada vez mais real, com o resultado de que a Internet a que estamos acostumados deixará de existir.

Fonte: RIA Novosti

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