Joaquim Barbosa, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil

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O texto a seguir foi publicado no Diário do Centro do Mundo com o título original: “Joaquim Barbosa, fundador do Partido Comunista do Brasil”, fiz a alteração do título por entender que como ele foi um dos nove fundadores do PCB – Partido Comunista do Brasil na cidade de Niterói em 1922, seria mais adequado à verdade histórica.

Por Urariano Mota 

A memória das pessoas, na quase totalidade dos casos, não está nos livros. Para o pesquisador, é preciso sempre aliar a pesquisa livresca ao conhecimento vivo de entrevistas, conversas, acenos de recuperação de acontecimentos vividos.

O parágrafo acima, se refere a uma lei universal, ganha conteúdos escandalosos quando se busca a história política de um povo. De modo mais preciso: a repressão aos comunistas brasileiros foi tamanha, que escondeu dos próprios filhos dos militantes a sua memória. É um apagamento pelo medo, é como se os comunistas não tivessem existido.

Este é o caso de Joaquim Barbosa, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil. Existe amnésia quase absoluta sobre ele. Em livros, mencionam, de passagem, da sua presença entre os nove fundadores do Partido. Mencionada a sua presença em 1922, mais adiante o nome aparece em dois parágrafos sobre os conflitos sindicais de 1928 no Partido.

Depois, um silêncio sepulcral. Cai sobre ele o véu de esquecimento que atinge todas as pessoas do povo. Mas a vida, que é Deus, escreve certo por linhas tortas. Quando um dos seus filhos, o repórter fotográfico Vlademir Barbosa, me procurou, eu nem imaginava a surpresa que viria.

Pela internet, recebi estas mensagens:

“Bom dia, Urariano Mota. Sou Vlademir Barbosa, tenho 71 anos e reli agora seu artigo sobre os comunistas anônimos do Recife publicado dia 26 de março de 2016, no Diário de Pernambuco. Na época, tentei comunicação com você e não consegui. Você é um grande pesquisador e tenho interesse em passar algumas informações para você. Posso fazer isso pessoalmente, por e-mail ou aqui, pelo messenger.

As informações que quero passar para você são sobre Joaquim Barbosa, que aparece na sua relação dos comunistas anônimos e que é o meu pai. Passarei depois. Boa noite!

Boa tarde, Urariano, como lhe disse, quero passar informações sobre Joaquim Barbosa da Costa, que talvez lhe interessem. Ele casou aos 21 anos de idade com Senhorinha Barbosa da Costa, 18 anos, em 23 de novembro de 1922 e tiveram seis filhos. Antes de ganhar a vida como alfaiate, ele foi guarda da Força Pública, ou pracinha como também era chamado. Ele foi denunciado como comunista por um amigo, mas continuou panfletando. Passou 10 anos preso entre a Casa de Detenção, Fernando de Noronha e Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

Foi anistiado logo após a 2ª Guerra Mundial, mas por falta de segurança fugiu do Recife e foi para o Rio de Janeiro como clandestino num navio. Morreu no Rio, aos 49 anos de idade em 27/06/1951 e seu atestado de óbito diz que a causa da morte foi edema agudo pulmonar e hipertrofia cardíaca. Deixou a mulher e seis filhos. Na época, eu tinha apenas 4 anos de idade e não o conheci. Minha mãe morreu por conta de um enfarte aos 74 anos de idade, em 1978.

Um dos meus irmãos, o segundo da prole, Wilson Barbosa da Costa morou com ele no Rio. Era formado em Direito e jornalista. Wilson trabalhou em uma editora do Partido Comunista e foi revisor do Jornal do Brasil por muitos anos. Já idoso, voltou para o Recife e trabalhou aqui como revisor da CEPE ( Companhia Editora de Pernambuco). Os outros filhos chamavam-se Severino (funcionário dos Correios e Telégrafos), William (fotógrafo), Wily (fotógrafo), Neisse (funcionária aposentada da Sudene) e eu, Vlademir ( repórter fotográfico). Vivos, só Neisse (75 anos) e eu, que estou com 71 anos.

Trabalhei na Última Hora do Nordeste, Jornal do Commercio, Diário da Noite, Jornal da Cidade, Correio de Pernambuco, Palácio do Governo, Cepe e Assembléia Legislativa, de onde sou aposentado….

Tenho enorme interesse de ter mais informações sobre o meu pai. Se você tiver outras informações sobre a vida dele, peço a gentileza de me informar. Muito obrigado, Vlademir …

Sou o filho caçula. Não tenho conhecimento de documentos escritos por ele. Ele casou com minha mãe em 23 de novembro de 1922. Nasceu no Brejo da Madre de Deus, agreste de Pernambuco. Tenho duas fotos, mas teria que procurá-las. Também gostaria de ter mais informações sobre meu pai. A única coisa que tenho dele é a certidão de óbito e a de casamento. Acredito que tenha duas fotografias. Informações precisas sobre ele, só o meu irmão Wilson, que já morreu, teria condições de dar, porque morou com ele no Rio. “Sei que meu pai jamais deixou de ser comunista”.

Então me perguntei em silêncio: que escritor e jornalista pode rejeitar esse presente de um passado oculto? Então fui entrevistá-lo. Metido a não sei o quê, mas sem qualquer preparo ou defesa para o que viria. Na entrevista, veio a maior revelação: Vlademir Barbosa, aos 71 anos, e Neisse Barbosa, aos 75, últimos filhos vivos de Joaquim Barbosa, não sabiam até a semana passada que o pai havia sido um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil! Para mim, foi uma felicidade, ou felixidade, de elixir e feliz nesta idade. Um choque também. Mas nesta ordem: eles haviam sabido da existência do pai, como um comunista fundamental, quando leram o texto “Os comunistas anônimos do Recife”. Depois, recebi este choque: eles não saberem que o pai era um dos heróis da fundação do Partido em 1922. Até 10/11/2018, datas da entrevista não sabiam. E procuravam o pai na foto histórica, que Luanda Calado buscou no celular:

Buscavam-no com a pergunta sôfrega: “Aí, onde está meu pai?” Na hora da entrevista, eu não tinha a legenda que identificasse os bravos de 22 com as suas posições na foto. Mas em casa, na pesquisa eu os recuperei. Então escrevi em mensagem para o filho:

“Vlademir, de volta pra casa não parei de pesquisar. Essa é a melhor cachaça. E localizei seu pai a partir de uma legenda em reportagem no Estadão. Confirmei a identificação em pelos menos 4 fontes diferentes. A ordem dos bravos é esta:

Manoel Cendon, Joaquim Barbosa, Astrogildo Pereira, João da Costa Pimenta, Luís Peres e José Elias da Silva (de pé, da esquerda para a direita.); Hermogênio Silva, Abílio de Nequete e Cristiano Cordeiro (sentados, da esquerda para a direita.)

A foto está anexa ao e-mail”.

Reafirmei a mensagem pelo telefone. Emocionado, o veterano e premiado fotógrafo me fez repetir a ordem dos militantes da foto: “em pé, Joaquim Barbosa é o segundo da esquerda para a direita…. Da esquerda para direita, o seu pai”.

E assim falou Vlademir na entrevista, antes do telefonema do domingo:

“As reuniões do Partido eram em casa. Aqui no Recife, no bairro da Mangabeira. Meu pai fazia reuniões lá em casa, e um cara o dedurou. Um ‘amigo’. Isso foi em 43. Ficou na Casa da Detenção do Recife. Minha mãe me contou. Os presos eram levados à noite para o Rio Beberibe, e sob pancada, sofriam afogamentos. Muitos não aguentaram. Da Detenção ele seguiu preso pra Fernando de Noronha. Daí, como Fernando de Noronha virou base dos americanos na segunda guerra mundial, ele foi mandado para Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Depois, com a Anistia, voltou para o Recife. (Wilson, comunista também, o filho encostado ao mais velho, morreu em 2007 com 79 anos. Ele era muito ligado a papai, foi pra lá de ônibus e trouxe meu pai de volta pro Recife). Meu pai veio, mas achou que aqui ele não tinha qualquer segurança, voltou para o Rio. Viajou clandestino, no porão de um navio. Lá, morreu com 49 anos, em 1951”.

– Mas você nunca procurou se informar sobre a importância do seu pai?

“Eu não sabia. Eu fui muito amigo de Paulo Cavalcanti. Ele vinha aqui em casa, nas festas, eu ia à casa dele, mas nunca despertei pra perguntar a ele sobre o meu pai. ‘Passou batido’. Meus irmãos todos, minha mãe, que eu morei com ela… Quando eu quis informações do meu pai, quando me chamei atenção pra isso, aí foi quando eu fui pra Wilson, que conhecia mais meu pai, que foi até o Rio de Janeiro pra falar com ele, mas quando fui perguntar, aqui em casa mesmo, ele já estava depressivo, superdepressivo. Wilson havia sido revisor do Jornal do Brasil por 17 anos, desde 1970. Quando saiu de lá, porque a redação havia sido toda informatizada, não ficou bem. Antes, Wilson havia trabalhado em editora comunista. Morreu aqui no Recife, como revisor da CEPE, aos 79 anos. Então, muitas vezes eu pedi: ‘Rapaz, fala sobre meu pai’. Ele ficava assim… sei que ele não falava. Eu ficava profundamente irritado com isso. Agora, eu tive muita oportunidade junto a meus irmãos e junto à minha mãe, mas eu não acordei pra isso”.

Então falou a irmã Neisse, de 75 anos:

“Meu pai, na hora do almoço, na mesa, orientava a gente para a vida adulta. Ele dizia que os filhos fossem decentes, honrados, trabalhadores, não traíssem ninguém, não dedurassem ninguém. Ele fazia isso. Todos os seis filhos na mesa. Vlademir no colo de minha mãe. Lembro-me muito bem disso. Meu pai aprendeu a ler e a escrever sozinho. E ensinou à minha mãe. Depois da Anistia de 45, quando ele foi clandestino pro Rio, ele pediu à minha mãe pra mandar a máquina pra ele, de navio. Ele era alfaite, dos bons, viu? Dos bons. Mas lá, ele ficou com medo de ser reconhecido como alfaiate, porque a polícia sabia que ele era alfaiate. Aí ele mandou a máquina de volta. Aí ele foi viver de vender bombons, biscoitos. Em frente à casa dele. Ele e Wilson, Aí um dia ele foi caminhando ali por perto, e teve um edema pulmonar fulminante”.

Então Vlademir retoma, lendo a certidão de óbito:

“Ele morreu às ’10 horas da manhã, na Rua Maturá, número 309, em Acari. Residente no local do óbito. Edema agudo pulmonar, hipertrófica cardíaca’. Isso. Mas eu não sabia a importância dele. Vim saber com isto aqui. Não sei se você conhece”.

E retira de um envelope uma cópia do texto “Os Comunistas anônimos do Recife”, que pode ser visto aqui http://www.vermelho.org.br/noticia/278339-1. Então eu lhe falo de um só impulso:

– E a gente muitas vezes pensa que escreve em vão. A gente pensa que escreve e depois, lixo, não tem mais nada. Engano. Eu não sabia rapaz, que você havia descoberto que o seu pai era fundador do Partido quando leu o artigo. Que coisa bonita, meu Deus. Eu estou feliz agora. Juro que estou feliz.

– Mas como você chegou a estes nomes? Você pegou onde?

– Como foi? Eles fazem parte da história. Eu peguei com o PC do B, e também em livros de história do Partido. Isso está registrado. O pai de vocês foi um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil. É registro histórico. Não é história da carochinha. É de verdade.

(Minha filha Luanda pesquisa no celular e mostra a foto)

“Mas tem ele aqui neste retrato? Será que é ele este aqui, o mais alto?”

A esta altura, cabe uma breve apresentação de Vlademir Carvalho, fotografado e montado da sua entrevista. É no corte da tarde do sábado que ele fala da sua vida profissional:

“Quando eu estava com 15 anos de idade, surgiu o jornal Última Hora, edição do Nordeste, aqui no Recife. Então eu fui trabalhar no Última Hora com 15 anos de idade, em 1962. Eles me pagavam acima do salário de menor, que existia na época, que era 5, 40 cruzeiros. Aí eles me pagavam 8 cruzeiros, que era um salário muito bom. Pra mim, na época, era muito dinheiro. Até o dia em que os militares fecharam o jornal em 64. Aí em 1965 vou para o Jornal do Commercio. Trabalhei lá 13 anos. Tenho alguns prêmios e um que é considerado o mais importante na área de jornalismo, que é o prêmio Esso Nacional de Jornalismo de 1973. Mas eu o ganhei pela revista Fatos e Fotos. Era um flagrante de uma criança pendurada por uma perna no alto do Edifício Pirapama.

Eu tive grandes trabalhos publicados e não guardei nada, não pensava na época na importância deles. Em 1979, para ter uma quantidade maior de fotografias minhas publicadas numa revista da Unicef, na mostra ‘A Presença da Criança na América Latina’, cheguei a mandar fotos em meu nome e outras em nome de pessoas amigas, que não eram fotógrafos. Publicaram todas. Já fui publicado em todos os jornais pernambucanos, e na Folha de São Paulo, no Jornal do Brasil, Jornal de Brasília, além das revistas Veja, Fatos e Fotos, Manchete… mas não tenho arquivo disso. Mais uma vez. Não tinha visão de futuro. Hoje eu tenho…. Mas voltando ao que interessa. Eu vim saber do valor histórico do meu pai, como fundador do Partido, quando li o seu artigo ‘Os comunistas Anônimos do Recife’. Eu não sabia que ele era fundador do Partido. Tem foto dele?

– Sim, claro, é histórica.

E repito:

Assim foi, assim tem sido e assim continua. Por mais trevas que desabem sobre nós, a história retoma o seu fio, quando menos esperamos. Não há ponto final. Há reticências. Ou parágrafos ainda não escritos.

Por último, mas não menos importante, registro a inestimável ajuda de Luanda Calado, professora de espanhol, sem a qual eu não teria conseguido as fotos raras de arquivos históricos, que vão ao texto a seguir, assim como os momentos gravados da entrevista. Sem ela, o que eu faria? Com este agradecimento, creio que nunca mais serei chamado de “esquecido”, que é uma forma camarada para a palavra ingrato.

TEXTOS DE JOAQUIM BARBOSA

Eu estava à procura de documentos sobre o comunista alfaiate de Pernambuco, quando o pesquisador e cientista político Michel Zaidan me revelou em mensagem:

“Tenho textos do próprio Joaquim Barbosa. Em cópias xerográficas de antigos folhetos da década de 20”.

E com a generosidade que é da sua natureza, Michel Zaidan me presenteou cópias dos documentos de Joaquim Barbosa, que Heitor Ferreira Lima lhe havia passado. São estes:

“A organização operária”, de 1926.

Trata-se obra didática, escrita com a maior leveza e simplicidade, que seria útil ainda hoje para sindicatos brasileiros, no trabalho de formação política:

“O poder político, nas mãos da burguesia, serve de garantia ao seu predomínio econômico. Portanto, seria uma coisa sem sentido limitarem-se os trabalhadores a atacar a classe dominante no terreno estritamente econômico, sem ao mesmo tempo procurar enfraquecer, em seu benefício, a intensidade desta arma decisiva que a burguesia maneja ao sabor dos seus interesses de classe”.

“Carta Aberta aos membros do Partido Comunista do Brasil”, de 1928.

É um documento que expressa a discordância de Joaquim Barbosa frente às relações do Partido com o movimento sindical. Nele se vê – talvez pela primeira vez – um dirigente de formação proletária que diverge do Partido Comunista do Brasil nos seus primeiros anos. Tempos de calor e construção revolucionária. Copio das suas linhas:

“Em vez, no entanto, de procurar amainar os ânimos, acalmar as paixões, diminuir a temperatura do ambiente, dávamo-nos ao esporte de agredir os adversários, no momento mesmo em que os convidávamos para a obra de unificação”…

O nosso lirismo é superior à nossa capacidade de apreender as situações e o meio que nos cerca. “É que o nosso Partido, ou melhor, os nossos dirigentes, se deixam empolgar por ideias espetaculosas, afastando-se das massas, seguindo à sua frente, mas em distância inatingível para estas últimas”.

Essas são obras escritas por Joaquim Barbosa. Mas sobre elas, principalmente sobre a Carta Aberta, existe o livro “A cisão do Partido Comunista do Brasil”, escrito por José Oiticica, intelectual anarquista de valor. Nele, Oiticica transcreve a carta e a comenta, de um ponto de vista do anarquismo que não aceitava a sua superação pelo Partido Comunista, e defende claro, a visão anarquista sobre os sindicatos.

Pude ver ainda o Boletim Mensal Regional do P. C. B., de 9 de abril de 1928. Sob o título de “Um caso de indisciplina”, o Partido copia cartas internas de Joaquim Barbosa fazendo o confronto de suas críticas à questão sindical. A indisciplina do título se refere à recusa de Joaquim Barbosa em comparecer ao partido para discutir suas críticas. É um documento anterior à Carta Pública. “E finalmente, em documento sem data, mas que remete aos dias imediatos a 16 de maio de 1928, com o título “O que a ex-oposição” queria: desertar…”, assinada pela CCE, Comissão Central Executiva.

 

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