Quinze países podem aderir ao Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS

fotosA presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NDB), Dilma Rousseff, anunciou planos para começar a emprestar em moedas sul-africanas e brasileiras como parte dos esforços para reduzir a dependência do dólar americano.

“Esperamos conceder empréstimos no valor de 8 a 10 bilhões de dólares este ano. Nosso objetivo é fornecer cerca de 30% de tudo o que fornecemos […] em moeda local”, disse Dilma Rousseff a um jornal britânico na terça-feira.

Ela acrescentou que o NDB emitiria debêntures em rands para empréstimos na África do Sul e faria “o mesmo no Brasil com o real”. Segundo ela, o NDB “vai tentar fazer um swap cambial ou emitir uma dívida. E também em rúpias.”

Dilma Rousseff também disse, sem dar mais detalhes, que o credor está considerando pedidos de adesão de cerca de 15 países e que o NBD provavelmente aprovará a admissão de quatro ou cinco países.

Quanto aos empréstimos em moeda local, o presidente do NDB disse que isso “permitiria aos mutuários dos países membros evitar o risco cambial e as flutuações das taxas de juro dos EUA”. Ela insistiu que “as moedas locais não são uma alternativa ao dólar”, acrescentando: “Estas são alternativas ao sistema. Até agora, o sistema tem sido unipolar […] será substituído por um sistema multipolar.”

Aparentemente, Dilma Rousseff também procurou distinguir o NBD do Banco Mundial e do FMI, evitando condições políticas sobre os empréstimos.

“Rejeitamos quaisquer condições. Muitas vezes o empréstimo é concedido sujeito à implementação de uma determinada política. Não fazemos isso. Respeitamos a política de cada país”, sublinhou.

Dilma Rousseff continua otimista quanto ao futuro do credor, lembrando que o NDB, criado em 2015, é o mais novo dos bancos de desenvolvimento do mundo.

“Vamos nos tornar num banco importante para os países em desenvolvimento e para os mercados emergentes. O nosso foco deveria ser exatamente este: um banco criado pelos próprios países em desenvolvimento”, sublinhou.

Entretanto, foi aberta a 15ª cúpula BRICS, em Johanesburgo (África do Sul), e a agenda deverá incluir questões relacionadas com a expansão do grupo.

“Pelo menos 23 países já se candidataram para aderir aos BRICS, o que atesta a real eficácia e sucesso desta associação predominantemente econômica de países”, disse Alexei Gromov, especialista do Comité Nacional Russo para o Estudo dos BRICS, à Sputnik.

Acrescentou que a expansão do bloco “só pode ser bem-vinda, mas este processo deve ser abordado com responsabilidade para não reduzir a eficácia dos contatos entre os participantes”.

Falando sobre o conjunto dos BRICS, o especialista sublinhou que a organização “visa promover o crescimento econômico e a prosperidade dos países participantes” e que “o caminho mais curto para isso é o crescimento dos laços comerciais e econômicos”.

“No entanto, num ambiente onde todas as transações comerciais são realizadas com a ajuda da infraestrutura financeira ocidental, tais laços correm o risco de influência externa”, disse Gromov, citando como exemplo as sanções anti-Rússia ocidentais.

Nesse sentido, uma das tarefas prioritárias dos BRICS, segundo o especialista, deveria ser a criação de instrumentos de negociação independentes.

“Estes são os centros de comércio e energia dos BRICS, e a bolsa de valores do grupo, e a plataforma de comércio eletrônico, e o tribunal arbitral do bloco para resolução de disputas comerciais e, no futuro, a moeda própria da organização (possivelmente digital) para negociação dentro do clube”, disse Gromov.

Na mesma linha, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper disse numa entrevista ao Sputnik que a cúpula dos BRICS de 2023 foi “significativa e importante para alcançar três objetivos”.

Em primeiro lugar, segundo Samper, a cimeira deverá contribuir para o fortalecimento da paz em todo o mundo e, em segundo lugar, para o desenvolvimento de uma das bases econômicas da nova globalização.

O terceiro objetivo é iniciar a implementação de outro projeto de um mundo multipolar, que na verdade tenha em conta não as condições econômicas em que os países se encontram, mas a sua identidade política”, insiste o ex-presidente da Colômbia.

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