Testes em cobaias humanas, na pandemia, revoltam brasileiros

O senador Otto Alencar afirmou que os documentos em poder da comissão atestam que a diretoria da Prevent Sênior, acusada de ocultar mortes decorrentes da covid-19, tinha pressa na realização dos estudos com hidroxicloroquina e azitromicina para enviar os resultados ao presidente Jair Bolsonaro.

cobaias
O médico Rodrigo Esper entra na alça de mira dos senadores, na CPI da Covid

A denúncia formulada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), integrante da CPI da Covid, com base em documentos que revelam as mortes de pacientes tratados com hidroxicloroquina e azitromicina, substâncias descartadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate ao vírus SarsCov-2, repercutiu, na sexta-feira (17), nas redes sociais.

“Se for comprovado que essa Prevent Senior usou pacientes como cobaias da cloroquina e matou muitos deles, Bolsonaro & cia podem comemorar: o governo já tem o seu Dr. Menguele, o anjo da morte do nazismo. Atenderia pelo nome de Rodrigo Esper, o médico que teria comandado ‘a pesquisa’, segundo a CPI da Covid”, escreveu o jornalista Bruno Thys, em seu perfil no Facebook.

Na mesma linha, o colunista de um dos diários conservadores cariocas Bernardo Mello Franco bateu pesado nos atos possivelmente criminosos cometidos pela operadora de unidades privadas de saúde.

Auschwitz

“O governo Bolsonaro já produziu um imitador de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda do nazismo. Agora faz lembrar Josef Mengele, o médico que fazia experimentos macabros em Auschwitz. Associada à barbárie nazista, a expressão ‘cobaias humanas’ é citada no relatório da comissão de juristas que aconselha a CPI da Covid. O documento defende que o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Eduardo Pazuello sejam denunciados ao Tribunal Penal Internacional pela prática de crimes contra a humanidade”, escreveu Mello Franco.

Ainda segundo o editor, “os juristas classificam a gestão da pandemia como um ataque à população civil. O governo sabotou medidas sanitárias, negou assistência a indígenas, retardou a compra de vacinas e apostou na tese da imunidade de rebanho, que acelerou a circulação do vírus. O relatório descreve a crise de Manaus como um ‘caso exemplar de desprezo à vida’ e afirma que a cidade virou palco de um ‘experimento pseudocientífico’ com a distribuição de remédios ineficazes”.

Em entrevista, nesta manhã, o senador Otto Alencar afirmou que os documentos em poder da comissão atestam que a diretoria da Prevent Sênior, acusada de ocultar mortes decorrentes da covid-19, tinha pressa na realização dos estudos com hidroxicloroquina e azitromicina para enviar os resultados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Protocolo

Em conversa com a revista CartaCapital, o parlamentar, que é médico, classificou o episódio como “banalização da vida” pelo grupo que, além do plano de saúde, comanda o hospital Sancta Maggiore.

— Eles resolveram fazer com os pacientes o tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina, sem autorização do Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e sem comunicar a Anvisa. O Conep mandou parar e eles continuaram fazendo. O resultado é que determinaram que todos os pacientes deveriam tomar (a medicação). Eles obrigaram os médicos a seguirem esse protocolo, numa falta de responsabilidade com os seus segurados — revelou Alencar.

De acordo com o senador, a comissão “tem provas contundentes”  do que ocorreu.

— Por exemplo, dos pacientes internados com Covid no hospital Sancta Maggiore, 39,4% foram a óbito. No hospital Albert Einstein, dos internados com a doença, 10,4% foram a óbito. Fizeram experiência com pacientes usando remédios ineficazes para casos graves da doença, que é a pneumonia virótica — conclui o senador.

Fonte: CdB

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